
STF interroga Mauro Cid: repercussões nacionais do depoimento que expõe fissuras no Estado democrático
🗞️ STF, democracia em julgamento: Mauro Cid detalha trama golpista e expõe fissuras entre civis, militares e instituições
Especial Direção de Jornalismo – São Paulo TV Broadcasting
Nesta segunda-feira (9), o Brasil voltou os olhos a Brasília, onde o Supremo Tribunal Federal abriu uma das fases mais emblemáticas do julgamento da tentativa de golpe de Estado que ameaçou as instituições em 2022. O ex-ajudante de ordens da Presidência da República, tenente-coronel Mauro Cid, foi o primeiro dos oito réus a depor, em uma sessão com mais de três horas de duração, marcada por reafirmações explosivas, contradições pontuais e revelações com potencial de reconfigurar o futuro político e institucional do país.
A delação de Cid, agora parcialmente repetida em plenário, transcende o caso criminal e se inscreve na história como um alerta sobre os riscos reais de ruptura democrática no Brasil contemporâneo.
⏱️ Resumo minuto a minuto do depoimento
- 14h11 – O ministro Alexandre de Moraes inicia a sessão e apresenta as condições do depoimento.
- 14h16 – Cid reconhece o acordo de colaboração premiada, confirmando a espontaneidade do depoimento.
- 14h27 – Pede desculpas por áudios vazados, classificados como “desabafos emocionais”.
- 14h36 – Cid confirma ter apresentado a minuta do golpe a Bolsonaro, contendo decretos de estado de sítio e prisão de ministros do STF.
- 14h44 – Afirma que Bolsonaro editou pessoalmente a minuta, mantendo a prisão apenas de Alexandre de Moraes e retirando nomes de outros ministros.
- 14h53 – Relembra reuniões com Carlos Bolsonaro e Carla Zambelli, mencionando um hacker que tentaria provar fraudes no sistema do TSE.
- 15h07 – Relata que o general Braga Netto entregou uma caixa de vinho com dinheiro para financiar os acampamentos golpistas.
- 15h30 – Sob questionamento do ministro Luiz Fux, explica o uso do termo “bravata” e diz que Bolsonaro preferia que os caminhoneiros não protestassem para não prejudicar a economia.
- 16h02 – Diz que não houve ordem direta aos comandantes militares, mas que “se Bolsonaro assinasse, o Exército obedeceria”.
- 17h11 – Menciona conversas sobre fraudes e pressão de Bolsonaro sobre o ministro da Defesa para alterar relatório das urnas.
- 17h50 – Reforça que não havia provas materiais contra o sistema eleitoral, apenas tentativas de construir narrativas.
- 18h10 – Relembra momentos no Alvorada e o envolvimento de Braga Netto e empresários no financiamento dos atos.
- 18h25 – Encerra-se o depoimento. Em seguida, inicia-se o interrogatório de Alexandre Ramagem.
📌 Eixos centrais do depoimento
- Minuta golpista: Mauro Cid confirmou que Bolsonaro teve acesso direto à versão do documento que previa a suspensão da posse de Lula e prisão de ministros. Mais do que isso: ele editou e validou seu conteúdo, optando por manter apenas o nome de Alexandre de Moraes.
- Reuniões estratégicas: O depoente relatou pelo menos duas reuniões dentro do Palácio da Alvorada onde o tema central era a viabilidade de um decreto de ruptura institucional, envolvendo nomes do alto escalão militar e político.
- Pressão sobre o Ministério da Defesa: Bolsonaro, segundo Cid, pressionou o então ministro Paulo Sérgio Nogueira a alterar as conclusões do relatório das Forças Armadas sobre a segurança das urnas.
- Financiamento ilícito: Braga Netto, ex-ministro e então vice na chapa, teria atuado como elo entre empresários e acampamentos, chegando a entregar dinheiro vivo para manter os manifestantes nas ruas.
- Comprometimento das Forças Armadas: O almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, foi citado como alguém que teria colocado tropas à disposição do golpe, versão corroborada por outros depoentes anteriores.
🧭 Reflexos institucionais, políticos e sociais
⚖️ Para o STF e a democracia
O Supremo consolida-se como última instância de salvaguarda constitucional, sendo testado em sua capacidade de manter a coesão institucional diante de ameaças internas. A condução do ministro Alexandre de Moraes tem sido firme, mas cautelosa, diante do peso político dos envolvidos.
🏛️ Para os partidos
- Bolsonarismo institucional sofre abalos profundos. O PL, partido do ex-presidente, vive crise de identidade entre pragmáticos e radicais.
- Oposição (PT, PSB, PDT) amplia discurso de defesa do Estado democrático de Direito e se prepara para capitalizar os efeitos do processo nas eleições municipais.
- Centro democrático (MDB, PSDB, PSD) busca se posicionar como moderador, evitando se contaminar.
🎖️ Para as Forças Armadas
A crise de imagem é significativa. As falas de Cid reforçam a percepção de que setores do comando militar se deixaram politizar. A Marinha e o Exército, diretamente citados, terão que reconstruir sua legitimidade como instituições apartidárias.
🌐 Para a imagem internacional
O depoimento repercutiu na imprensa global — com destaque para The New York Times, El País e Le Monde — como um dos momentos mais sérios da história democrática brasileira desde a redemocratização. Organismos como ONU e OEA acompanham o processo como exemplo de resiliência institucional.
📊 Análises e dados nacionais
- Segundo levantamento da AtlasIntel, 72% dos brasileiros acreditam que houve tentativa real de golpe de Estado após as eleições de 2022.
- A cobertura do depoimento gerou mais de 4 milhões de interações nas redes sociais, com pico entre 17h e 18h, conforme monitoramento da Quaest.
- O termo “minuta do golpe” esteve entre os assuntos mais pesquisados no Google Brasil durante o dia 9.
🔮 E o que vem agora?
O cronograma prevê que Braga Netto, Anderson Torres, Paulo Sérgio Nogueira e Jair Bolsonaro sejam ouvidos até sexta-feira. As informações prestadas por Cid devem servir de base para as perguntas dos ministros e para o embasamento de futuras denúncias da PGR.
🧠 Conclusão: o Brasil diante do espelho
O depoimento de Mauro Cid escancarou os bastidores de um projeto autoritário gestado dentro do núcleo do poder. Revelou não apenas intenções, mas ações concretas, financiamentos ilícitos e uma cadeia de comando disposta a romper com a ordem constitucional.
Mais do que um réu, Mauro Cid atuou como testemunha de uma era, cujo desfecho ainda está em aberto — mas cujos ecos já reverberam na política, na caserna e nas ruas.
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