
Moraes impõe tornozeleira a Bolsonaro e ação do STF vira trincheira institucional contra ofensiva internacional de Trump
Por Redação São Paulo TV Broadcasting Especial da Gerencia de Jornalismo
18 de julho de 2025 | São Paulo
O Supremo Tribunal Federal elevou o tom. O ministro Alexandre de Moraes, protagonista de decisões emblemáticas na defesa da ordem democrática desde a crise institucional de 8 de janeiro de 2023, determinou nesta sexta-feira (18) a imposição de tornozeleira eletrônica ao ex-presidente Jair Bolsonaro, investigado por tentativa de golpe de Estado. A medida, apesar de simbólica, representa mais do que uma restrição judicial: tornou-se um sinal inequívoco de resistência do Judiciário brasileiro diante de pressões internacionais — inclusive vindas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
A decisão ocorre em meio ao agravamento da retórica de Trump contra o Supremo brasileiro. Em pronunciamento recente, o chefe da Casa Branca exigiu publicamente o arquivamento “imediato” do processo contra Bolsonaro, o que foi visto em Brasília como um ataque direto à soberania institucional do Brasil. Moraes respondeu como lhe é característico: com um despacho contundente, sem acenos à diplomacia, e ampliando o cerco ao ex-presidente.
“O rito da tornozeleira eletrônica é antigo na Justiça brasileira, mas aplicado aqui como afirmação de independência judicial diante de uma pressão geopolítica inaceitável”, avalia o jurista e professor de Direito Constitucional Marcus Álvares.
Enquanto Jair Bolsonaro silencia sobre a medida, seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, intensifica a articulação internacional para pressionar o Judiciário brasileiro. Em postagens nas redes sociais e em entrevistas a veículos conservadores nos EUA, Eduardo condiciona a retirada da sobretaxa de 50% imposta por Trump aos produtos brasileiros à anistia de seu pai. A declaração, vista por especialistas como uma tentativa de barganha política, contribuiu para a escalada diplomática.
Crise jurídica com repercussão internacional
A imposição da tornozeleira vem embasada em relatório da Polícia Federal que aponta riscos à integridade do processo penal. Segundo o inquérito, Bolsonaro teria incentivado apoiadores a desacreditar o STF e a preparar atos de desobediência civil. Em resposta, Moraes endureceu a condução do caso, determinando o uso do equipamento como medida cautelar alternativa à prisão.
No tabuleiro geopolítico, a medida do ministro é interpretada como uma resistência às ameaças veladas — e, por vezes, explícitas — vindas de Washington. Com a aproximação entre Bolsonaro e Trump, fortalecida nos últimos meses, o processo judicial brasileiro passou a ganhar contornos internacionais, e agora se apresenta como a nova trincheira de contenção contra a tentativa de influências externas sobre instituições nacionais.
“Moraes não apenas resiste à pressão, como transforma o STF em bastião da legalidade diante de um cenário em que até o presidente dos Estados Unidos parece desprezar princípios diplomáticos básicos”, comenta a cientista política Amanda Nogueira.
Escalada de tensões pode ter novos capítulos
A reação do governo norte-americano ainda é incerta. Há rumores de que a família Bolsonaro teria solicitado oficialmente que o Departamento de Estado imponha sanções pessoais ao ministro Alexandre de Moraes — um movimento sem precedentes e de graves consequências diplomáticas.
Apesar da gravidade do cenário, fontes próximas ao STF afirmam que a Corte está coesa e preparada para enfrentar qualquer tentativa de desestabilização. Moraes, segundo interlocutores, não descarta novas medidas contra Bolsonaro caso persistam as ações consideradas atentatórias à Justiça.
Por ora, o ex-presidente carrega no tornozelo mais do que um dispositivo eletrônico. Carrega também o peso simbólico de um confronto institucional entre democracias — onde o Brasil, ao menos por enquanto, mantém-se firme em sua soberania jurídica.
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