
Julgamento dos envolvidos em ação golpista prossegue com os votos de Carmen Lúcia e Cristiano Zanin
Da redação da São Paulo Tv jornalista Bene Correa com informações do UOL
A ministra Cármen Lúcia, da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), apresenta nesta quinta-feira (11) o seu voto no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O placar atual é de 2 votos a 1 pela condenação do ex-presidente e como três votos formam maioria na Primeira Turma da corte, a ministra pode consolidar a condenação de Bolsonaro e de outros réus do núcleo crucial da trama golpista de 2022.

Depois da ministra Cármen Lúcia, votará o ministro Cristiano Zanin.
Mauro Cid e Braga Netto condenados
O Supremo já tem maioria formada para condenar Mauro Cid, delator e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e o general Walter Braga Netto, que foi ministro da Defesa no governo Bolsonaro, pelo crime de tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito.

A sessão desta sexta-feira está reservada para as discussões sobre as penas que serão aplicadas aos réus.
Em junho de 2023, a ministra Cármen Lúcia foi a responsável por dar o voto no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que formou maioria para tornar Bolsonaro inelegível.
Em março de 2025, ao votar para tornar réus Bolsonaro e os outros acusados, a magistrada considerou que uma tentativa de golpe ocorreu, sim, e afirmou que a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) trazia fatos, dias e documentos.
“Felizmente, o golpe não deu certo. Temos democracia no Brasil. Temos um Supremo atuando como sempre atuou.”, afirmou a ministra Cármen Lúcia.

Votos revelados
Os ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino votaram pela condenação de todos os réus. No entanto, Dino indicou que deve diminuir a pena para alguns réus por ver “menor importância” na atuação deles.
Já Luiz Fux apresentou um voto para cada crime de cada um dos réus.
O ministro discursou por quase 12 horas e absolveu de todas as acusações o ex-presidente Bolsonaro, o ex-comandante da Marinha Amir Garnier, os generais Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa, Augusto Heleno, ex-chefe do GSI, Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, e Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin.
O ministro condenou o delator Mauro Cid e o general Walter Braga Netto apenas por tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito.
Anulação do processo
Fux defendeu a anulação do processo, argumentando que:
- O STF é “absolutamente incompetente” para julgar o caso: pelo entendimento do magistrado, nem Bolsonaro nem os outros réus do núcleo crucial têm foro privilegiado e, por isso, o caso deveria ser julgado na primeira instância
- A ação não deveria ser analisada pela Primeira Turma, composta de cinco ministros, mas pelo Plenário,.com todos os 11 ministros

- O direito à defesa dos réus foi comprometido pela quantidade gigantesca de informações. Um “tsunami de dados”, segundo Fux.
Mudança de entendimento
Advogados ouvidos pelo UOL classificaram o voto como uma reviravolta no histórico de posições de Fux: o ministro sempre foi visto como punitivista, linha-dura, e neste julgamento se mostrou mais “garantista”.
Fux citou o mensalão diversas vezes, o que foi interpretado como um “recado” ao presidente da Primeira Turma, Cristiano Zanin, que foi advogado do presidente Lula no caso, em 2012.
Também citou “black blocs” e as manifestações de 2013.
É a primeira vez que o STF julga um ex-presidente e militares de alto escalão por tentativa de golpe de Estado