
Reunião entre ministro da Fazenda e secretário-tesoureiro dos EUA é cancelada.
Da Redação da São Paulo TV — Washington, D.C.
Brasília — O encontro virtual previsto para esta quarta-feira, 13 de agosto de 2025, entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, foi cancelado. A informação foi confirmada pelo próprio ministro nesta segunda-feira, 11.
Segundo Haddad, a justificativa oficial apresentada foi “falta de agenda”. No entanto, ele atribuiu a decisão a uma articulação de grupos da extrema-direita que teriam atuado junto a assessores do governo norte-americano.
Em entrevista ao programa Estúdio i, da GloboNews, o ministro afirmou que, após o anúncio público da reunião e de uma entrevista do deputado Eduardo Bolsonaro ao Financial Times, grupos “antidiplomáticos” teriam se mobilizado para impedir o encontro. “A militância antidiplomática tomou conhecimento e agiu junto a alguns assessores”, disse.
O cancelamento foi comunicado por e-mail e, até o momento, não há nova data marcada ou previsão de remarcação.
Haddad destacou que outros países afetados pelas tarifas impostas pelos EUA — como Japão, Coreia do Sul e membros da União Europeia — conseguiram avançar nas negociações, enquanto o Brasil enfrenta barreiras políticas para manter o diálogo. Segundo ele, a postura norte-americana reflete “uma mudança estrutural” na política externa dos EUA, e não apenas uma questão ideológica.
A suspensão desse diálogo representa mais do que um revés diplomático: projeta um impacto direto sobre a economia brasileira, que já enfrenta o peso do “tarifaço” de 50% sobre diversos produtos. O episódio evidencia que a disputa não se pauta por questões técnicas de mercado ou interesse econômico do país, mas por embates de natureza político-ideológica, que transformam a relação comercial em palco de guerra retórica.
Essa personalização do conflito, centrada em figuras e não em políticas públicas concretas, levanta uma pergunta incômoda: a quem interessa travar uma batalha que enfraquece o Brasil no cenário internacional e fragiliza sua economia, em vez de buscar soluções práticas para proteger a indústria, o agronegócio e os empregos?
Paralelamente, o governo brasileiro prepara um pacote emergencial para apoiar empresas atingidas, incluindo linhas de financiamento, ajustes tributários, compras governamentais e reformas no Fundo de Garantia para Exportações, em uma tentativa de mitigar os efeitos de um impasse que, no atual formato, parece atender mais a interesses políticos do que ao bem-estar da população.