
Taxa de 50% aplicada por Trump terá impacto maior em 5 setores da economia brasileira
Da redação da São Paulo Tv jornalista Bene Correa com informações da Folha de São Paulo
O tarifaço de 50% aplicado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, vai atingir em cheio cinco setores da economia, que embarcaram no ano passado US$ 4 bilhões em mercadorias para a terra do Tio Sam.
Mapeamento feito pela Folha revelou a dependência destas indústrias a partir de números da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).
Os números revelam uma grande diversidade de produtos que são vendidos para os Estados Unidos. Os americanos compram produtos de 9,5 mil empresas brasileiras, segundo a Câmara Americana de Comércio Brasil-Estados Unidos, a Amcham.
Ao todo são 30 segmentos que enviam pelo menos um quarto das suas exportações para o país de Donald Trump.
No ano passado, eles venderam US$ 20,3 bilhões para os Estados Unidos, o equivalente à metade de tudo que o Brasil direciona em produtos para abastecer o mercado americano.
Construção civil
Entre as milhares de empresas que exportam para os Estados Unidos, as que mais vão sofrer quando a taxa de 50% entrar em vigor são as que vendem material de construção, como pedras, gesso, cimento, amianto e mica.
Em 2024, elas destinaram o equivalente a US$ 802 milhões para os Estados Unidos, ou 65,4% do total das suas vendas externas.
Destaque para o setor de pedras de cantaria, que são cortadas em formas geométricas para serem usadas em construção, e as rochas ornamentais, como pedras naturais, insumos para mosaicos, mármores e granitos.
O Espírito Santo aparece como o estado que mais envia esses produtos aos Estados Unidos, com 84,4% do total embarcado.
Aviação
Em segundo lugar no ranking estão aeronaves, partes e peças para aviões: 61,7% das exportações desse setor, que tem como líder absoluto a Embraer, são destinadas ao mercado americano, em vendas que somam US$ 2,6 bilhões.
Nesse caso, o estado mais afetado é São Paulo, de onde saem 91% das aeronaves e partes que são enviadas aos Estados Unidos.
Armas e munições
Outro segmento que depende fortemente dos Estados Unidos em suas exportações é o de armas e munições, com destaque para a fabricante Taurus. Mais de 61% dos produtos são exportados, o que equivalem a negócios que somam US$ 323,8 milhões.
O Rio Grande do Sul é o país que mais envia esses produtos aos Estados Unidos, com 52,5% do total embarcado.
Pescado
O segmento de peixes, crustáceos e moluscos envia 60,8% da sua produção aos Estados Unidos, sendo que o Ceará será o estado mais impactado, já que 24% desses produtos têm como origem o litoral cearense.
Peles
Os dados levantados pela Folha ainda mostram que, em quinto lugar dos segmentos mais dependentes, aparecem as peles com pelos, com 54,5% das exportações registradas no ano passado. Um dado importante é que 99% dos produtos enviados aos Estados Unidos tem como estado de origem o Rio Grande do Sul.
Estados mais impactados
Ceará
- O estado com maior dependência das exportações dos Estados Unidos, independentemente do segmento avaliado, é o Ceará: 44,9% de todas as exportações cearenses têm como destino a maior economia do mundo, com destaque para ferro fundido e aço.
Espírito Santo
O segundo estado brasileiro com maior peso dos Estados Unidos como destino de vendas externas é o Espírito Santo, com 28,6% embarcados para o país.
Completam o ranking:
Paraíba 21,6%
São Paulo 19%
Sergipe 17,1%
Caminho inverso
Já a indústria norte- americana que mais vende para o Brasil é a de fósforo. O mercado brasileiro responde por 88% do total vendido pelos americanos do produto a outros países, segundo a United Nations Comtrade.
Ainda aparecem na lista, os compostos químicos derivados do metano, etano e propano, com o Brasil registrando peso de 81,8% do total vendido pelos Estados Unidos, e pasta de cacau, com 81,5%.