
Tarcísio diz que Poderes precisam ceder para resolver crise institucional
Da redação da São Paulo Tv Jornalista Bene Correa – Com informações do Estadão
Dez governadores se reuniram nesta quinta-feira (7) na casa do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (PMDB). Na pauta, a crise entre as instituições brasileiras e a taxa imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Ao final do encontro, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), falou em nome dos dez chefes de governo estaduais e defendeu que todos os Poderes “precisam ceder” para solucionar a crise institucional alimentada pelo tarifaço norte-americano e o julgamento dos golpistas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo Tarcísio, a votação da anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023 poderia ser um caminho para diminuir a escalada da crise interna e com o governo dos Estados Unidos. A mesma posição é apoiada pelos governadores de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), e do Mato Grosso, Mauro Mendes (União), que defenderam a “liberdade” do Congresso para votar o tema como resposta ao “desejo da maioria”.
Fortalecimento do Congresso
De acordo com o governador paulista, o Congresso Nacional tem que ter autonomia para legislar sem pressão.
“O Congresso Nacional tem um papel importante, pode atuar nessa desescalada, e os parlamentares precisam ter tranquilidade”, afirmou Tarcísio.
Mauro Mendes criticou a declaração do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), aos líderes partidários em reunião nesta quinta-feira e a qualificou como “autoritária”.
De acordo com a Coluna do Estadão, Alcolumbre afirmou que “nem com 81 assinaturas pauto impeachment de ministro do Supremo”.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), também tem se manifestado contra a votação da anistia.
“Há que se estabelecer uma harmonia institucional. A gente entende que os Poderes têm papéis na mitigação da crise. A gente não pode ter um Poder se sobrepondo ao outro. Os Poderes têm que contribuir para desescalar a crise. A gente tem que defender as funções típicas de cada poder, por exemplo o parlamento”, disse Tarcísio.
O governador de São Paulo afirmou ainda que “o caminho para solucionar a crise está quando cada um cede um pouquinho”.
Julgamento no plenário do STF
Já o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, acredita que uma maneira de pacificar a relação com o Congresso e os governos estaduais é transferir o julgamento da Primeira Turma para o plenário do STF.
“O Supremo Tribunal Federal deve sempre, em decisões como essas, ouvir o Pleno. Decisões monocráticas só fazem acirrar o clima entre os membros e a população”, disse Caiado.
Afinidade entre governadores
Também estiveram presentes os governadores de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), do Paraná, Ratinho Junior (PSD), do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e do Amazonas, Wilson Lima (União).
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), participou remotamente do encontro.
O convite para o encontro foi feito por Mauro Mendes, que justificou a presença apenas de governadores de direita por afinidade política e para ter um grupo “seleto” capaz de discutir as respostas à crise de forma aprofundada.
Resposta ao tarifaço do Trump
Além da pauta política, os governadores discutiram medidas de resposta ao tarifaço de 50% aos produtos brasileiros aplicado pelo presidente dos EUA, Donald Trump.
Tarcísio disse que os governadores combinaram de estreitar o diálogo com os presidentes de partidos para “fortalecer a atuação parlamentar” e dar protagonismo ao Congresso no manejo da guerra tarifária.
Os governadores dizem aguardar o anúncio do pacote de medidas do governo federal para mitigar os efeitos do tarifaço para, então, reforçar as negociações com as autoridades norte-americanas.