
Siderúrgicas dos EUA aproveitam tarifas de Trump e aumentam preço do aço
Da Redação | São Paulo TV Broadcasting Bene Correa com informações da Folha de S. Paulo
As tarifas elevadas impostas pelo presidente Donald Trump sobre o aço importado já estão causando impactos significativos na economia dos Estados Unidos. O setor siderúrgico, em especial, foi o primeiro a reagir com aumentos expressivos nos preços, afetando a cadeia produtiva nacional — de carros e ônibus escolares a equipamentos militares.
Nesta segunda-feira (21), duas das maiores produtoras norte-americanas, Cleveland-Cliffs e Steel Dynamics, confirmaram que elevaram os preços do aço no segundo trimestre de 2025. A justificativa? A elevação da tarifa de importação de 25% para 50%, promovida no mês passado, que encareceu o aço vindo de países como Canadá, Brasil, Coreia do Sul e México — responsáveis por quase 20% do aço comercializado no país.
Impactos imediatos e repasses
A Daimler Truck North America, fabricante de caminhões e ônibus escolares, já sente os efeitos diretos da medida. Segundo seu CEO, John O’Leary, a alta nas tarifas deu às siderúrgicas americanas “mais espaço para aumentar o preço”. A empresa chegou a repassar custos extras, adicionando US$ 3.500 (aproximadamente R$ 19,5 mil) ao valor final de um ônibus escolar Thomas Built. Porém, com a tarifa agora dobrada, O’Leary afirma que a dificuldade de repassar esse custo adicional ao consumidor aumentou.
Além disso, a Daimler Truck anunciou a demissão de cerca de 2 mil trabalhadores, em cinco fábricas localizadas nos Estados Unidos e no México, em decorrência da queda nas vendas e do aumento nos custos de produção.
Alta nos preços do aço
A Steel Dynamics viu o preço médio da tonelada saltar de US$ 998 (R$ 5,5 mil) no primeiro trimestre para US$ 1.134 (R$ 6,3 mil) no segundo trimestre. Já a Cleveland-Cliffs passou de US$ 980 (R$ 5,4 mil) para US$ 1.015 (R$ 5,6 mil) no mesmo período. Segundo dados oficiais, os produtores domésticos aumentaram os preços em 16% somente neste ano.
Para o CEO da Cleveland-Cliffs, Lourenco Goncalves, as tarifas desempenham papel estratégico na proteção da indústria norte-americana, que, segundo ele, concorria com países que oferecem subsídios e salários baixos. “As tarifas de Trump estão ajudando a preservar a indústria automotiva e a siderurgia do país”, afirmou.
Já Thomas McCartin, economista da S&P Global, explicou: “As usinas domésticas vão tentar obter o máximo que puderem. É a lei da oferta e da demanda em sua forma mais crua”.
Queda nas importações
Segundo o Instituto Norte-Americano de Ferro e Aço, até maio deste ano, as importações de aço caíram 6,2% em comparação com o mesmo período de 2024. Ao mesmo tempo, o aço produzido nos EUA se mantém como o mais caro do mundo — uma consequência direta do protecionismo industrial reforçado por Trump.
A retomada das tarifas em 50% se deu com base na Seção 232, que autoriza restrições comerciais por razões de segurança nacional. O argumento central do governo Trump é de que os Estados Unidos precisam de uma indústria siderúrgica robusta para garantir o abastecimento militar.
Contudo, analistas contestam. Em 2018, o então secretário de Defesa Jim Mattis afirmou que a demanda militar representava apenas 3% da produção de aço do país — insuficiente, portanto, para justificar a medida sob o pretexto de segurança nacional.
Compra estratégica e influência política
A recente aquisição da U.S. Steel pela japonesa Nippon Steel, com participação acionária do governo dos EUA, acendeu ainda mais o debate sobre interferência estatal e proteção à indústria local.
Críticos apontam que a política comercial está sendo moldada para beneficiar grandes siderúrgicas. “É puro protecionismo e compadrio”, disparou Scott Lincicome, do think tank Cato Institute, defensor do livre mercado.
Enquanto isso, consumidores e fabricantes norte-americanos lidam com os custos crescentes. O cenário desenhado pelas tarifas de Trump favorece uma indústria nacional mais forte — mas à custa de preços mais altos, demissões em setores consumidores de aço e tensões comerciais com países parceiros.
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Texto: Redação São Paulo TV |