
Prefeito Ricardo Nunes participa de evento no Museu do Holocausto, e da abertura do Espaço Anne Frank, e reforça compromisso de São Paulo com a memória e a tolerância
Da Chefia de Redação da São Paulo Tv em SP Fotos Museu do Holocausto em SP e Site Anne Frank – Agenda Executivo Municipal
Rede do Museu do Holocausto em SP Instagram
São Paulo, terça-feira, 12 de agosto de 2025 — O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, cumpriu agenda de memória e representatividade cultural ao visitar, nesta manhã, o Museu do Holocausto, no Bom Retiro, para participar da abertura do Espaço Anne Frank.

O evento, realizado a partir das 11h00, contou com a presença de George Legmann, diretor de Relações Institucionais do Espaço do Holocausto e sobrevivente do Holocausto; do Rabino David Weitman, do Museu do Holocausto; do Secretário de Governo Edson Aparecido; do Secretário da Casa Civil Enrico Misasi; do Secretário de Cultura e Economia Criativa Totó Parente; e do Secretário da Comunicação Fabio Portela.

A visita ao museu — localizado na Rua da Graça, 160 — representa mais do que um compromisso formal: é um ato de reconexão com a história de resistência e sobrevivência, em particular do povo judeu que vive em São Paulo. É também o reconhecimento àquelas e àqueles que, tendo escapado ao extermínio sistemático promovido pelo regime de Adolf Hitler, hoje fazem da capital paulista um dos maiores centros vivos de memória judaica no Brasil.
O Holocausto, perpetrado pelo regime nazista, deixou um dos capítulos mais sombrios da história: seis milhões de judeus foram assassinados de maneira orquestrada, cruel e sistemática entre 1933 e 1945. Sobreviventes como George Legmann encarnam não apenas os horrores vividos, mas também a força de manter viva a memória coletiva em defesa dos direitos humanos.
O novo Espaço Anne Frank carrega forte carga simbólica ao evocar a história da jovem que, no diário escrito em condições de confinamento, registrou com sensível humanidade o desejo de existir plenamente. A iniciativa ecoa experiências já levadas ao público paulista, como a exposição “Anne Frank: Deixem-nos Ser”, que apresentou uma reprodução fiel do Anexo Secreto, com objetos originais e audiotextos do diário — incluindo a Estrela de Davi usada por Nanette Konig, colega de Anne e sobrevivente que vive em São Paulo.
Inaugurado em novembro de 2017, o Memorial do Holocausto ocupa o último andar do Memorial da Imigração Judaica, na antiga Sinagoga do Bom Retiro, e permanece aberto ao público gratuitamente (mediante agendamento). Com um acervo interativo e audiovisual, o espaço recria, por meio de fotos, vídeos, objetos da época e instalações, esse trágico episódio que vitimou milhões de judeus na Europa durante a Segunda Guerra Mundial.
A presença do prefeito Ricardo Nunes reafirma o compromisso da administração municipal com a diversidade cultural e o combate à intolerância. Desde que assumiu a Prefeitura, Nunes participa de eventos de memória ligados ao Holocausto e à comunidade judaica — como o ato de Yom HaShoá no início deste ano.
O novo espaço dentro do Museu do Holocausto será não apenas um local de visitação, mas um ponto de encontro entre passado e presente — um convite à reflexão, ao diálogo e à resiliência. A comunidade judaica de São Paulo, cuja presença remonta às ondas migratórias do século XX, encontra nesta iniciativa uma reafirmação de sua voz e legado na cidade.
Visitar o Memorial é, antes de tudo, um compromisso para que a história não se repita.
Site do museu Memorial do Holocausto
Texto a seguir de autoria do Site Quem foi Anne Frank? | Anne Frank House
Os primeiros anos de Anne
Anne Frank nasceu a 12 de junho de 1929 na cidade alemã de Frankfurt. Tem uma irmã, Margot, de cerca de três anos mais velha. A situação na Alemanha não era a melhor: havia poucos empregos e muita pobreza. E é nesse cenário que Adolf Hitler e o seu partido recebem o apoio de um número crescente de adeptos. Hitler odiava os judeus, culpando-os pelos problemas do país, e deu voz aos sentimentos anti-semitas que prevaleciam na Alemanha. Por causa desse ódio aos judeus e da má situação do país, os pais de Anne, Otto e Edith Frank, decidem mudar-se para Amesterdão. Aí, Otto fundou uma empresa que comercializava pectina, um agente gelificante para a preparação de geleias.

A Alemanha nazi invade a Holanda
Anne sente-se, desde logo, em casa na Holanda. Aprendeu a língua, fez novos amigos e andou numa escola holandesa no bairro. O seu pai trabalhou arduamente para fazer prosperar o negócio, mas não foi fácil. Otto tentou também montar um negócio em Inglaterra, no entanto não teve sucesso. Acabaria por encontrar uma solução ao vender ervas e especiarias, além da pectina.
A 1 de setembro de 1939, quando Anne tem 10 anos, a Alemanha nazi invade a Polónia: começa a Segunda Guerra Mundial. Passados uns meses, a 10 de maio de 1940, os nazis também invadem a Holanda. Cinco dias depois, o exército holandês rendeu-se. Aos poucos, mas inexoravelmente, os ocupantes introduziram leis e regulamentos que tornaram a vida dos judeus mais difícil. Parques, cinemas e lojas não-judaicas, entre outros locais, estavam proibidos aos judeus. Por causa destas regras restritivas, eram cada vez menos os lugares onde Anne podia ir. O seu pai perde o seu negócio, uma vez que já não é permitido aos judeus terem empresas próprias. Todas as crianças judias, incluindo Anne, tiveram que ir para uma escola judaica separada.

Anne tem que se esconder no Anexo Secreto
Os nazis vão cada vez mais longe. Os judeus tiveram de começar a usar uma estrela de David e surgiram rumores de que todos os judeus teriam de deixar a Holanda. Quando Margot recebeu um telefonema a 5 de julho de 1942 para se inscrever para trabalhar na Alemanha nazi, os pais ficam desconfiados. Eles não acreditam que se trate de trabalho e decidem esconder-se no dia seguinte para escapar da perseguição.
Na primavera de 1942, o pai de Anne tinha começado a instalar um esconderijo no anexo secreto da sua empresa, no nº 263 de Prinsengracht. Ele é ajudado pelos seus antigos colegas. Passado pouco tempo, mais quatro pessoas juntam-se a eles no Anexo Secreto. O espaço é muito apertado; Anne tinha de permanecer muito silenciosa e estava frequentemente com medo.
Anne escreve os seus diários
Pelo seu décimo terceiro aniversário, pouco antes de passar a viver no esconderijo, Anne recebe um diário de presente. Durante os dois anos em que permanece escondida, Anne escreve sobre o que se vai passando no Anexo Secreto, mas também sobre o que sente e pensa. Além disso, escreve histórias curtas, começa um romance e anota passagens de livros que lia no seu Livro de Belas Frases. Escrever ajudou-a a aguentar os dias.
Quando o Ministro da Educação do governo holandês no exílio, na Inglaterra, fez um apelo na Radio Orange para se manter diários e documentos de guerra, Anne tem a ideia de reescrever os seus diários individuais numa única história, com o título Het Achterhuis (O Anexo Secreto).

O esconderijo é descoberto
Anne começa a reescrever o seu diário mas, antes que pudesse terminar, ela e as outras pessoas que estavam escondidas são descobertas e presas por polícias a 4 de agosto de 1944. A polícia também prende duas das pessoas que os ajudavam. Até hoje, não se sabe ao certo qual a razão para a busca policial.
Apesar da busca, uma parte dos escritos de Anne são preservados: dois outros amigos salvam os documentos antes que o Anexo Secreto seja esvaziado por ordem dos nazis.
Anne é deportada para Auschwitz
Passando pelo Sicherheitsdienst, o serviço de inteligência da polícia de segurança alemã, pela prisão em Amesterdão e pelo campo de trânsito de Westerbork, as pessoas escondidas foram enviadas para o campo de concentração e extermínio de Auschwitz-Birkenau. A viagem de comboio demorou três dias, durante os quais Anne e outras mais de mil pessoas viajaram apertadas em vagões de gado. Há pouca comida e água, e apenas um barril a servir de sanita.
Ao chegarem a Auschwitz, os médicos nazis avaliavam quem podia ou não ser submetido a trabalho forçado pesado. Cerca de 350 pessoas que viajaram com Anne foram imediatamente mortas nas câmaras de gás. Anne foi enviada para o campo de trabalho para mulheres, com a sua irmã e a sua mãe. Otto acabou num campo para homens.
Anne morre em Bergen-Belsen
No início de novembro de 1944, Anne é transportada novamente. Juntamente com a sua irmã, foi deportada para o campo de concentração de Bergen-Belsen. Os seus pais ficam em Auschwitz. As condições em Bergen-Belsen são também miseráveis: quase não há comida, está frio, e Anne, como a sua irmã, fica com febre tifoide. Em fevereiro de 1945, ambas morrem das consequências dessa doença, primeiro Margot e pouco depois Anne.
De todos os que se escondiam no Anexo Secreto, apenas Otto, o pai de Anne, sobreviveu à guerra. Ele foi libertado de Auschwitz pelos russos e, durante a sua longa viagem de volta para a Holanda, fica a saber que a sua esposa Edith morreu. Já na Holanda, fica a saber que também Anne e Margot não sobreviveram.

O diário de Anne torna-se mundialmente famoso
Os diários de Anne causam profunda impressão em Otto. Ele lê que Anne queria se tornar escritora ou jornalista e pretendia publicar as suas histórias sobre a vida no Anexo Secreto. Uns amigos convencem Otto a publicar o diário e a 25 de junho de 1947 é publicado Het Achterhuis (O Anexo Secreto), numa edição de 3000 exemplares.
E não ficou por aí: o livro viria a ser traduzido para cerca de 70 línguas e adaptado para teatro e cinema. Pessoas de todo o mundo ficaram a conhecer a história de Anne e, em 1960, o esconderijo torna-se um museu: a Casa de Anne Frank. Otto continuou estreitamente envolvido com a Casa de Anne Frank e o museu até à sua morte, em 1980. Ele esperava que os leitores do diário tomassem consciência dos perigos da discriminação, do racismo e do ódio contra os judeus.