
Onda de reconhecimento de um Estado palestino cresce e aumenta pressão sobre Israel
Da redação da São Paulo Tv com informações da AFP

Novos países, entre eles a França, reconhecerão nesta segunda-feira (22) o Estado palestino, após uma onda de governos ocidentais endossarem simbolicamente a criação de um Estado, provocando reações de Israel.
Neste domingo, Reino Unido, Canadá, Austrália e Portugal anunciaram o reconhecimento do Estado da Palestina, elevando a pressão sobre Israel, que intensifica a guerra em Gaza.
O posicionamento destes países foi duramente condenado pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e criticada pelos Estados Unidos.
Solução de dois Estados
O gesto, acima de tudo simbólico, vai ocorrer numa reunião organizada pela França e pela Arábia Saudita sobre a chamada solução de dois Estados, ou seja, a convivência pacífica e segura de um Estado israelense ao lado de um palestino.

O processo de reconhecimento vem se desenrolando vários meses e já permitiu a aprovação por ampla maioria na Assembleia Geral de um texto que apoia a criação de um futuro Estado palestino, que exclui a participação do movimento islamista Hamas, uma condição exigida por vários países ocidentais.
Os palestinos “querem uma nação, querem um Estado, e não devemos empurrá-los para o Hamas. Se não oferecermos uma perspectiva política e o reconhecimento, ficarão presos com o Hamas como única solução”, disse no domingo o presidente francês Emmanuel Macron, ao explicar sua decisão, em entrevista ao canal americano CBS.

“Se queremos isolar o Hamas, o processo de reconhecimento e o plano de paz que o acompanha são uma condição prévia”, acrescentou.
Novos países anunciam reconhecer o Estado palestino
Neste domiungo, horas antes do início da reunião na ONU, Reino Unido, Canadá, Austrália e Portugal formalizaram o reconhecimento.

Levantamento feito pela AFP mostra que pelo menos 145 dos 193 países membros da ONU reconhecem o Estado palestino.
No entanto, os palestinos permanecem com o status de observadores nas Nações Unidas, já que a aspiração de ser um integrante pleno foi bloqueada pelos Estados Unidos.
Entre os países que devem formalizar o reconhecimento nesta segunda-feira estão Andorra, Bélgica, Luxemburgo, Malta e San Marino, segundo informou a presidência francesa.
Israel intensifica ofensiva em Gaza
Alheio aos reconhecimentos, o Exército israelense intensifica a ofensiva na Faixa de Gaza, iniciada após o ataque do Hamas de 7 de outubro de 2023, apesar da pressão para que interrompa a guerra no território palestino.
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, que não obteve o visto para entrar nos Estados Unidos, vai participar da reunião desta segunda-feira por videoconferência. Abbas disse que o reconhecimento é “um passo importante e necessário para uma paz justa e duradoura”.
Israel faz novas ameaças e EUA contrários
Netanyahu afirmou que não haverá um Estado palestino e ameaçou ampliar a colonização na Cisjordânia, enquanto dois ministros israelenses de extrema direita, Itamar Ben Gvir e Bezalel Smotrich, pediram a anexação desse território palestino ocupado.
“Não deveríamos nos sentir intimidados pelo risco de represálias de Israel”, afirmou o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, à AFP.
No atual contexto, o discurso de Netanyahu na Assembleia Geral da ONU, previsto para sexta-feira, é muito aguardado, assim como o do presidente americano Donald Trump, nesta terça-feira.
O governo dos Estados Unidos, principal aliado de Israel, expressou oposição ao reconhecimento. O Departamento de Estado americano criticou o que considera “gestos teatrais” de alguns de seus aliados e afirmou que o foco de Washington está na “diplomacia séria”.
A Alemanha reafirmou sua posição de que o reconhecimento de um Estado palestino só deveria acontecer após um processo de negociação para uma solução de dois Estados.
Mortes em Israel e Gaza
Segundo dados do governo de Israel, o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 contra o território israelense matou 1.219 pessoas, a maioria civis.
Do outro lado, os números divulgados pelo Ministério da Saúde do governo do Hamas, mostram que a represália israelense na Faixa de Gaza, onde o Hamas assumiu o poder em 2007, matou mais de 65 mil mortos, a maioria civis.