
Moraes determina vigília policial em tempo integral nas proximidades da residência de Bolsonaro
Da redação da São Paulo Tv jornalista Bene Correa
Equipes formadas por policiais penais do Distrito Federal vão ficar de prontidão em tempo integral nas proximidades da residência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), onde ele cumpre prisão domiciliar em Brasília. A determinação é do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A decisão foi tomada após o líder da bancada do PT na Câmara, deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ),enviar um ofício à Polícia Federal alertando sobre a possibilidade de uma possível fuga do ex-presidente.
Lindbergh acionou também o STF pedindo a prisão de Bolsonaro, em que também ressalta o risco de fuga.
Porém, Moraes decidiu seguir a sugestão feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de que seria importante manter “equipes de prontidão em tempo integral” para monitorar Bolsonaro.
Policiais devem manter discrição
O ministro escreveu na decisão que “o monitoramento deverá evitar exposição indevida, abstendo-se de toda e qualquer indiscrição, inclusive midiática, sem adoção de medidas intrusivas da esfera domiciliar do réu ou perturbadoras da vizinhança”.
Moraes usou no documento uma reprodução de texto do UOL sobre críticas de Eduardo Bolsonaro a ele após o relatório final da PF em que foram indiciados Bolsonaro e seu filho.
O ministro destaca que Eduardo segue atuando para tentar interferir no julgamento do pai. Ele cita ainda uma intensificação de atuação de Eduardo na véspera do início do julgamento do pai pelo STF.
“A atuação delitiva de Eduardo Nantes Bolsonaro para interferir diretamente no curso da AP 2.668/DF com o objetivo de evitar qualquer pronunciamento judicial definitivo por este STF com relação ao seu pai, Jair Messias Bolsonaro, se intensifica com a possibilidade de conclusão do julgamento.”, escreveu o ministro na decisão.
“Nesse sentido, as ações incessantes de Eduardo Nantes Bolsonaro, estando inclusive localizado em país estrangeiro, demonstram a possibilidade de um risco de fuga por parte de Jair Messias Bolsonaro, de modo a se furtar da aplicação da lei penal notadamente em razão da proximidade do julgamento de mérito da AP 2.668/DF, agendado na Primeira Turma desta Suprema Corte entre os dias 2/9/2025 e 12/9/2025.”, disse Moraes.
Em seu parecer, a Procuradoria-Geral da República recomendou a vigília policial.
“Parece ao Ministério Público Federal de bom alvitre que se recomende formalmente à polícia que destaque equipes de prontidão em tempo integral para que se efetue o monitoramento em tempo real das medidas de cautelares adotadas, adotando-se o cuidado de que não sejam intrusivas da esfera domiciliar do réu, nem que sejam perturbadores das suas relações de vizinhança.”, alertou o procurador-geral da República, Paulo Gonet, em parecer encaminhado ontem ao STF
Alerta de deputado petista
O deputado Lindbergh Farias destaca o documento encontrado pela PF com pedido de asilo à Argentina, que estava arquivado no celular de Bolsonaro.
O arquivo, encontrado pela PF, diz que o ex-presidente é “perseguido por motivos e por delitos essencialmente políticos” no Brasil. A defesa de Bolsonaro diz que o pedido nunca chegou a ser enviado.
O documento teria sido salvo pela última vez em 12 de fevereiro de 2024, data em que o ex-presidente chegou à embaixada da Hungria, em Brasília. Em 10 de fevereiro, uma operação apreendeu o passaporte de Bolsonaro.
O petista também publicou um vídeo nas redes sociais em que mostra a proximidade da casa de Bolsonaro da embaixada dos Estados Unidos.
No sábado, Lindbergh disse que não havia viaturas em frente ao condomínio onde o ex-presidente mora em Brasília e que seria possível chegar à representação norte-americana em menos de dez minutos.