
Max Verstappen conquista Monza, mas McLaren mantém hegemonia na temporada — a F1 entra no decisivo GP do Azerbaijão
Walter Westphal – Colunista de Automobilismo da São Paulo TV
O cenário de Monza: a catedral da velocidade
Monza não é apenas mais um circuito no calendário da Fórmula 1. É um templo do automobilismo. Com suas retas intermináveis e curvas icônicas como a Variante Ascari e a Parabólica, o traçado italiano é um dos mais rápidos e tradicionais da categoria. Desde 1950, apenas uma temporada deixou de ter Monza em seu calendário. É ali, em meio às arquibancadas tingidas de vermelho pela tifosi, que a história da Fórmula 1 se renova a cada ano.
Em 2025, o GP da Itália reafirmou essa tradição: Max Verstappen voltou a ser o grande protagonista, vencendo de forma incontestável. Mas a vitória não foi suficiente para abalar o domínio da McLaren, que segue ditando o ritmo do campeonato.
A corrida: Verstappen imbatível do início ao fim
O final de semana já indicava o favoritismo do tricampeão mundial. Na classificação de sábado, Verstappen cravou a pole position com o tempo de 1:18.792, estabelecendo um novo recorde da pista. No domingo, largou bem, defendeu a liderança na primeira curva e nunca mais olhou para trás.
Atrás dele, o duelo da corrida se concentrou na McLaren. Lando Norris e Oscar Piastri brigaram entre si, mas mantiveram a ordem de equipe para garantir pontos valiosos no campeonato. Norris foi o segundo colocado, Piastri o terceiro. Charles Leclerc, sempre competitivo em casa, terminou em quarto, enquanto George Russell, da Mercedes, foi quinto.
Lewis Hamilton, que vive sua primeira temporada com a Ferrari, chegou em sexto, sem brilho mas com consistência. O jovem Kimi Antonelli, também da Mercedes, ficou em nono, mostrando evolução.

Gabriel Bortoleto: o Brasil volta a aparecer no mapa da F1
O brasileiro Gabriel Bortoleto, da Sauber, foi novamente destaque positivo. Terminou em oitavo, somando quatro pontos, e mostrou maturidade ao enfrentar adversários com carros mais fortes. A temporada tem sido desafiadora, mas sua regularidade impressiona: pontuou na Áustria, Bélgica, Hungria e agora em Monza.
Mais do que resultados, Bortoleto vem conquistando respeito no paddock. Jovem, disciplinado e consistente, ele representa a esperança de um novo ciclo brasileiro na Fórmula 1, após a era de ídolos como Senna, Piquet, Barrichello e Massa.

O futuro francês: Hadjar sob os olhos de Prost
Outro nome que merece destaque é o de Isack Hadjar, da Racing Bulls. Aos 20 anos, o francês conquistou um pódio histórico em Zandvoort, mas em Monza terminou apenas em décimo. Ainda assim, suas performances chamaram a atenção de Alain Prost, tetracampeão mundial, que já o aponta como promessa da próxima geração.
Hadjar é veloz, agressivo e técnico. Com um carro mais competitivo, pode se tornar protagonista em breve.
A McLaren: hegemonia que lembra os anos de glória
Mesmo sem vitória, a McLaren sai de Monza fortalecida. A equipe soma 617 pontos no Mundial de Construtores, contra 280 da Ferrari e 260 da Mercedes. Seus pilotos também lideram a tabela de pilotos: Oscar Piastri tem 324 pontos, seguido por Lando Norris com 293.
A estratégia da equipe em Monza foi pragmática. Após um pit stop mais lento de Norris, houve ordem para reorganizar posições, garantindo que ambos ficassem no pódio e acumulassem pontos. O entrosamento entre Piastri e Norris, além da eficiência técnica do time de Woking, são os pilares de uma temporada até agora perfeita.
Mercedes e Ferrari: evolução insuficiente
A Mercedes mostra sinais de recuperação, especialmente com George Russell, mas ainda falta competitividade para lutar de igual para igual com McLaren e Red Bull. O jovem Antonelli cresce em consistência, mas a equipe precisa acelerar seu desenvolvimento técnico.
Já a Ferrari, diante de sua apaixonada torcida, viveu mais um GP de frustrações. Leclerc foi quarto, Hamilton sexto, mas a diferença para os líderes foi visível. O time italiano, que viveu dias de glória com Schumacher e Alonso, ainda busca reencontrar o caminho da vitória.
Verstappen: a força de um campeão
Se a McLaren é a equipe do momento, Verstappen segue sendo o piloto que mais impõe respeito. Sua vitória em Monza foi um lembrete claro: sempre que Red Bull encontra o equilíbrio certo no carro, o holandês transforma a corrida em espetáculo de controle absoluto.
Com 230 pontos, ele é o terceiro colocado no campeonato e sonha em diminuir a diferença para Piastri e Norris.
Azerbaijão: o GP mais imprevisível da temporada
A próxima etapa será no circuito urbano de Baku, no Azerbaijão, no dia 21 de setembro. O traçado, projetado por Hermann Tilke, tem 6.003 km, 20 curvas e mistura trechos estreitos — como os de Mônaco — com retas longas que permitem velocidades acima de 340 km/h.
É um circuito traiçoeiro, que costuma gerar acidentes, entradas de safety car e resultados imprevisíveis. A largada e chegada acontecem na Praça Azadliq, um dos cartões-postais da cidade, que mescla arquitetura medieval e arranha-céus modernos.
Para McLaren, Red Bull, Ferrari e Mercedes, será um teste de nervos. Cada erro pode custar caro.
A reta final: promessas e incertezas
Com apenas algumas etapas restantes, a temporada de 2025 promete um final eletrizante. Piastri e Norris disputam ponto a ponto o título. Verstappen ainda sonha com a recuperação. Ferrari e Mercedes buscam vitórias isoladas para salvar o ano.
Para os brasileiros, a expectativa é acompanhar o crescimento de Gabriel Bortoleto. Seus resultados sólidos despertam a esperança de que o Brasil volte a ser protagonista na Fórmula 1 nos próximos anos.
📊 Classificação do Campeonato
Pilotos
- Oscar Piastri (McLaren) – 324 pts
- Lando Norris (McLaren) – 293 pts
- Max Verstappen (Red Bull) – 230 pts
Construtores
- McLaren – 617 pts
- Ferrari – 280 pts
- Mercedes – 260 pts
- Red Bull – 239 pts
Conclusão: um campeonato histórico
A temporada 2025 da Fórmula 1 está se configurando como uma das mais emocionantes da última década. McLaren revive seu passado glorioso, Verstappen segue sendo a medida da excelência, Ferrari e Mercedes tentam reagir, e novas promessas — como Hadjar e Bortoleto — emergem para o futuro da categoria.
Monza mostrou novamente que a F1 não é apenas velocidade: é drama, estratégia, paixão e tradição. O Azerbaijão promete ser o próximo palco de um espetáculo que já entrou para a história.
✍️ Walter Westphal – Colunista de Automobilismo da São Paulo TV
06 de setembro de 2025

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Max Verstappen conquistou sua quinta pole position da temporada em uma emocionante sessão de qualificação para o Grande Prêmio da Itália.
O holandês registrou 1m18s792, um novo recorde de volta no Circuito de Monza, com média de 164,46 mph – a volta de velocidade média mais rápida da história da F1 – o que o deixou apenas 0,077s à frente de Lando Norris, já que o piloto da Red Bull fez uso de uma configuração de downforce menor do que a usada pela McLaren.