São Paulo TV – Chefia de Redação
Iniciativas incluem R$ 30 bilhões em linha de crédito e ações de fortalecimento da indústria nacional
SÃO PAULO, 13 de agosto de 2025, 13h44 foto © ANSA/EPA
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou nesta quarta-feira (13) um pacote emergencial de apoio para empresas brasileiras atingidas pela sobretaxa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre diversos produtos nacionais. A medida, que entrou em vigor no último dia 6 de agosto, afeta diretamente setores estratégicos como agricultura, pesca, mineração, indústria de transformação e exportação de alimentos.
A apresentação do pacote ocorreu no Palácio do Planalto, com a presença de Lula, ministros, empresários e líderes do Legislativo, entre eles o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AL).
Medidas anunciadas
O plano reúne iniciativas de impacto imediato e médio prazo para mitigar os efeitos do tarifaço:
- Linha de crédito inicial de R$ 30 bilhões para empresas afetadas, com juros diferenciados e carência estendida;
- Prorrogação por até dois meses do pagamento de tributos e contribuições federais para os setores prejudicados;
- Compras públicas priorizando produtos de empresas atingidas, especialmente perecíveis como peixes, frutas e mel;
- Ampliação do Reintegra (programa de incentivo às exportações): micro e pequenas empresas receberão de volta 6% do valor exportado, enquanto grandes empresas terão direito a 3%.
O papel de Geraldo Alckmin
O vice-presidente Geraldo Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, foi o responsável pela articulação técnica e política do pacote. Classificando o tarifaço como uma “injustiça comercial” contra o Brasil, ele destacou que a decisão norte-americana é assimétrica e prejudica diretamente a competitividade nacional:
“Ouvimos o setor produtivo, do agro à indústria, da mineração aos exportadores. Sabemos da injustiça: dos 10 principais produtos exportados pelos EUA para o Brasil, oito entram com tarifa zero”, afirmou Alckmin.
Nos bastidores, a atuação de Alckmin tem sido elogiada por lideranças empresariais e governadores. Ele vem conduzindo uma agenda estratégica de reindustrialização, com foco em inovação, integração de cadeias produtivas e abertura de novos mercados para o Brasil. Entre as ações destacam-se:
- Missões comerciais à Ásia, União Europeia e África para diversificar parceiros e reduzir dependência do mercado norte-americano;
- Incentivo à modernização da indústria nacional, com linhas de financiamento para máquinas e tecnologia de ponta;
- Programas para atrair investimentos em setores como energias renováveis, indústria farmacêutica e automotiva;
- Apoio a startups e empresas de base tecnológica para ampliar a competitividade do país na economia digital.
Esses esforços fazem parte de uma estratégia mais ampla de blindagem da economia brasileira contra choques externos, combinando medidas de curto prazo — como o pacote anunciado hoje — com políticas estruturantes para o médio e longo prazo.
Posicionamento político e defesa da soberania
A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou que o pacote também é um gesto político de resistência:
“O Brasil e o mundo são testemunhas de que essa situação, que consideramos uma verdadeira chantagem, foi provocada por aqueles que tentaram abolir o Estado democrático de direito e agora respondem por seus crimes perante a lei e a justiça.”
Contexto geopolítico
A decisão dos Estados Unidos de aplicar uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros reacende tensões comerciais entre os dois países. Para especialistas, a medida tem motivações tanto econômicas quanto políticas, inserindo-se num cenário de protecionismo crescente e disputas por influência nos mercados globais.
O Brasil, que ocupa posição relevante no comércio internacional de commodities e produtos industrializados, busca manter canais diplomáticos abertos com Washington, ao mesmo tempo em que acelera negociações com outros blocos, como a União Europeia e o Mercosul, e acordos bilaterais com países asiáticos.
Próximos passos
Segundo o governo, as medidas anunciadas hoje serão acompanhadas por um monitoramento constante do desempenho das exportações e da situação financeira das empresas afetadas. Caso o cenário se agrave, novas ações poderão ser implementadas, incluindo incentivos fiscais adicionais e expansão da linha de crédito.
O desafio agora é equilibrar a resposta firme ao tarifaço com a preservação das relações comerciais e diplomáticas com os Estados Unidos, sem abrir mão da defesa da indústria nacional e da soberania brasileira.