
Fome já matou cerca de 130 pessoas na Faixa de Gaza, entre elas crianças e bebês
Da redação da São Paulo Tv jornalista Bene Correa foto da Unicef/Abed Zagout em Rafah, no sul da Faixa de Gaza
A falta de alimentos na Faixa de Gaza já provocou a morte de cerca de 130 pessoas, desde o início da guerra.
Somente entre sexta-feira (25) e sábado (26), cinco palestinos morreram de fome. Em dois dias, a desnutrição matou duas crianças, uma delas de sete dias, segundo o hospital de Al-Shifa, uma das últimas unidades de saúde em funcionamento na região.
A falta de ajuda humanitária está colocando em risco a vida de cem mil crianças, com menos de dois anos. O risco de morte destas crianças é muito grande, entre elas 40 mil bebês com meses de vida.
De acordo com a agência de refugiados da ONU, a ajuda aérea prometida por Israel não vai resolver o problema da fome.
Philippe Lazzarini, comissário-geral da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina, alertou que soltar de aviões as caixas de alimentos, como foi anunciado pelo exército, coloca em risco dos palestinos.
Ajuda estacionada
De acordo com a ONU, 6 mil caminhões de ajuda humanitária estão estacionados nas fronteiras da Jordânia e Egito, aguardando autorização para passar. “A ajuda terrestre é mais fácil, efetiva, rápida, barata e segura.”, afirmou Lazzarini.
“Levante o cerco, abra os portões e garanta movimentos seguros e acesso digno às pessoas necessitadas”, pediu o comissário da UNRWA.

A experiência de envio de ajuda por meio de paraquedas já mostrou ser muito perigosa. Em 2024, 12 palestinos morreram durante a operação. O “mal funcionamento” de um dos paraquedas enviados com suprimentos fez com que os alimentos caíssem no mar em Beit Lahia. Doze 12 pessoas nadaram até os pacotes de ajuda humanitária e morreram afogadas.
Hamas não desvia comida
Não há indícios de que o Hamas rouba a comida da ONU, como afirmado por Israel para justificar a fome na região.
Fontes militares ouvidas pelo The New York Times afirmaram que, apesar de registros de roubos do grupo extremista contra grupos humanitários menores, não há qualquer evidência de que alimentos distribuídos pela ONU, que faz a maioria da ajuda humanitária no país, tenham sido saqueados.
Israel alega que a dificuldade para enviar ajuda humanitária para a Faixa de Gaza é provocada pelas Nações Unidas. Segundo a Coordenação de Atividades Governamentais nos Territórios do Exército de Israel, a ONU e as organizações internacionais não fizeram a coleta dos alimentos nas fronteiras nos últimos meses.
Israel interrompe ajuda
Em março deste ano, Israel impôs um bloqueio total à Faixa de Gaza, interrompendo toda a entrada de ajuda. Somente no fim de maio alguns caminhões voltaram a ter acesso, de forma limitada.
Ao menos três bebês morreram na última semana com desnutrição grave. A ONU alertou que seus próprios funcionários em missões humanitárias têm enviado “mensagens desesperadas de fome”.
O governo palestino vem denunciando que Israel comete um “crime sistemático de fome”. O governo local exige a abertura das fronteiras para entrada de alimentos. Segundo os palestinos, por dia, são necessários 500 veículos com ajuda humanitária e 50 caminhões de combustível para salvar o território de um “desastre”.