
EUA abrem investigação contra o Brasil por práticas comerciais “injustas” e ampliam tensão bilateral com impacto direto para milhões de brasileiros e americanos
São Paulo TV Broadcasting – Redação | Reportagem Especial Por Redação da Gerência de Jornalismo da São Paulo TV – com informações de agências internacionais Imagens Beatriz Ciglioni
EUA abrem investigação contra o Brasil por práticas comerciais “injustas” e ampliam tensão bilateral com impacto direto para milhões de brasileiros e americanos
Washington, 16 de julho de 2025 — A tensão entre Brasil e Estados Unidos atingiu um novo patamar com o anúncio, nesta terça-feira (15), da abertura formal de uma investigação contra o governo brasileiro por supostas práticas comerciais “injustas, discriminatórias ou irracionais”. A medida foi tomada pelo Escritório do Representante Comercial dos EUA (USTR), com base na Seção 301 da Lei de Comércio de 1974, e ocorre menos de uma semana após o presidente Donald Trump anunciar um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros, com entrada em vigor prevista para 1º de agosto.
Segundo o comunicado oficial do USTR, assinado pelo representante comercial Jamieson Greer, a iniciativa parte de uma diretriz do próprio presidente Trump. “Sob a orientação do Presidente Trump, estou iniciando uma investigação sobre os ataques do Brasil às empresas americanas de mídia social, bem como outras práticas comerciais desleais que prejudicam empresas, trabalhadores, agricultores e inovadores tecnológicos americanos”, afirmou Greer.
Impactos econômicos em cadeia
Na prática, a medida pode ter efeitos diretos e indiretos sobre setores estratégicos para as economias de ambos os países, como o agronegócio, energia, tecnologia e comércio digital. Entre os alvos da investigação estão:
- Restrição ao etanol dos EUA: segundo os americanos, o Brasil abandonou a prática de isenção de impostos para o etanol norte-americano, substituindo-a por tarifas substancialmente mais elevadas.
- Regulação do comércio digital: há suspeitas de retaliação contra empresas digitais dos EUA que se recusaram a censurar conteúdos políticos.
- Proteção de propriedade intelectual: o Brasil estaria falhando em garantir segurança jurídica e enforcement nesse campo.
- Desmatamento ilegal: o governo norte-americano alega que a falta de aplicação de leis ambientais no Brasil afeta diretamente a competitividade de seus produtores agrícolas e madeireiros.
- Políticas anticorrupção: Washington também questiona a eficiência dos mecanismos brasileiros de transparência e combate à corrupção em contratos públicos.
Audiência marcada e tentativa de diálogo
O USTR convocou uma audiência para o dia 3 de setembro, quando autoridades, entidades empresariais e representantes civis poderão apresentar seus posicionamentos sobre a investigação. Contribuições por escrito deverão ser enviadas até 18 de agosto.
O órgão já solicitou oficialmente uma rodada de consultas com o governo brasileiro, passo inicial para buscar uma resolução diplomática. No entanto, o cenário é de grande incerteza.
Bolsonaro elogiado, Brasil pressionado
Em meio à escalada, Trump voltou a defender o ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmando em declaração pública que o brasileiro “não é desonesto”, e criticando os atuais rumos da política comercial do Brasil sob a liderança de Lula e Geraldo Alckmin. Analistas avaliam que o gesto é tanto um aceno político à direita brasileira quanto um sinal de endurecimento nas relações bilaterais.
Reações no Brasil e entre empresários
O vice-presidente Geraldo Alckmin e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, já realizaram reuniões separadas com empresários e representantes do setor exportador para avaliar medidas de contenção e resposta. Em São Paulo, estado responsável por quase 30% das exportações brasileiras, o clima é de alerta.
“O Brasil não pode ser penalizado por buscar proteger sua soberania digital e ambiental. Mas também não podemos fechar os olhos para as consequências de uma guerra comercial com nosso principal parceiro bilateral fora da China”, afirmou um executivo do setor de tecnologia ouvido pela São Paulo TV, sob anonimato.
Setores da agroindústria, das exportações de biocombustíveis e das empresas de meios de pagamento já iniciaram reuniões emergenciais com representantes dos ministérios da Fazenda, Agricultura e Relações Exteriores.
Preocupação bilateral: milhões de empregos em jogo
De acordo com dados da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, cerca de 2,5 milhões de empregos nos dois países estão ligados direta ou indiretamente ao comércio bilateral. O Brasil é o nono maior parceiro comercial dos EUA, e os EUA continuam como maior investidor estrangeiro direto no território brasileiro.
Especialistas em direito internacional e comércio exterior ouvidos pela reportagem destacam que a Seção 301 é o mesmo instrumento usado por Trump em 2018 para justificar uma série de sanções contra a China — dando início a uma das maiores guerras comerciais das últimas décadas.
Próximos passos
O Itamaraty ainda não se pronunciou oficialmente sobre a abertura da investigação, mas fontes da diplomacia brasileira indicam que a resposta deverá seguir uma linha técnica, reforçando os compromissos do país com a OMC e os acordos multilaterais.

A São Paulo TV seguirá acompanhando os desdobramentos, inclusive com análises exclusivas e entrevistas com especialistas em comércio internacional e representantes dos setores afetados.
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Com produção de Beatriz Ciglioni e Bene Correa
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