
Crime organizado amplia lavagem de dinheiro com uso de fintechs, bets e criptoativos, aponta estudo do Instituto Esfera
📌 Por Bene Corrêa e Beatriz Ciglioni | Da redação da São Paulo TV fonte GRV Comunicação
Um novo estudo do Instituto Esfera de Estudos e Inovação, em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, revela como facções criminosas no Brasil estão explorando brechas tecnológicas e regulatórias para lavar dinheiro em larga escala. O relatório mostra que o crime organizado tem utilizado fintechs, plataformas de apostas online (as chamadas bets) e criptoativos como novos canais para movimentar e legalizar recursos ilícitos.
De acordo com o levantamento, o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), responsável por monitorar operações suspeitas no país, não tem estrutura suficiente para enfrentar o aumento expressivo das atividades criminosas. Entre 2015 e 2024, as comunicações de operações suspeitas recebidas pelo Coaf cresceram 766,6%, enquanto o número de servidores permanece estagnado em apenas 93 funcionários — número bem abaixo de unidades semelhantes em países como EUA (300) e França (230).
📝 “O relatório evidencia que a sofisticação das facções vai muito além do tráfico de drogas. Elas criaram redes complexas de ocultação de patrimônio e lavagem de dinheiro. O fortalecimento do Coaf é estratégico para o Brasil”, afirma o advogado criminalista Pierpaolo Bottini, presidente do Conselho Acadêmico do Instituto Esfera.
Como o crime organizado age
O estudo detalha os principais mecanismos usados pelas facções:
- Fintechs: Atraso na regulamentação do setor no Brasil até 2021 permitiu que instituições operassem sem autorização do Banco Central.
- Bets: Apostas online funcionam como caminho paralelo para legalização de recursos ilícitos, dificultando o rastreamento.
- Criptoativos: Usados para ocultar patrimônio e realizar transferências internacionais de forma anônima e ágil.
Segundo o relatório, em 2024, crimes ligados ao tráfico de drogas e às facções representaram 48,5% dos ilícitos citados nas trocas de informações do Coaf.
📈 Gráficos e dados inéditos apresentados no estudo mostram o avanço da lavagem de dinheiro por meios digitais e a dificuldade do Estado em acompanhar essa evolução.
Plano de ação
Para enfrentar o problema, o estudo propõe cinco frentes prioritárias:
1️⃣ Criação de carreira própria no Coaf, com concurso público e técnicos especializados.
2️⃣ Melhoria do acesso a bases de dados e comunicação obrigatória de ilícitos por parte do Ministério Público.
3️⃣ Investimento em tecnologia, incluindo o uso de inteligência artificial e sistemas como o GoAML da ONU.
4️⃣ Regulação mais ampla de setores de risco, como sorteios, feiras, ativos virtuais e assessorias jurídicas usadas para lavagem de dinheiro.
5️⃣ Integração mais eficiente entre órgãos, incluindo Polícia, Receita Federal e Ministério Público.
💬 “Essas medidas são essenciais não só para o combate à criminalidade, mas para a defesa da economia e da soberania nacional”, destaca Camila Funaro Camargo Dantas, CEO da Esfera Brasil.

Lançamento do estudo
📍 O estudo foi apresentado no dia 25 de junho, no auditório do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), em Brasília, e já está disponível no site da Esfera Brasil.