
Celso Russomanno: “O consumidor brasileiro ainda é tratado como se estivesse sempre errado”
SÃO PAULO TV | ENTREVISTA ESPECIAL Por Redação São Paulo TV Broadcasting
Com uma história que começou nas ruas da Vila Mariana, em São Paulo, e chegou à liderança de votos no Congresso Nacional, Celso Russomanno é o nome mais associado à defesa do consumidor no Brasil. Deputado federal em seu sétimo mandato e comunicador consagrado, ele concedeu entrevista exclusiva à São Paulo TV Broadcasting, na qual falou sobre sua trajetória, os desafios do consumidor brasileiro e seus projetos para o futuro.
São Paulo TV – Deputado, antes de falarmos da sua atuação política, gostaríamos de voltar à sua infância. A solidariedade e o senso de justiça sempre estiveram presentes?
Celso Russomanno – Sim, desde pequeno eu sentia um incômodo profundo com a desigualdade que via nas ruas do meu bairro. Lembro de perguntar à minha mãe por que havia crianças pedindo comida ou dormindo nas calçadas. Eu não conseguia aceitar isso. Comecei a fazer ações simples: arrecadava dinheiro com vizinhos e comprava doces para distribuir às crianças carentes em datas como a Páscoa e o Natal. Eu mesmo embalava um a um. Aquilo me dava um sentido de missão.
São Paulo TV – É verdade que o senhor dizia que queria ser Presidente da República ainda criança?
Celso Russomanno – (risos) É verdade. Quando me perguntavam o que eu queria ser, eu dizia: “Presidente da República”. Minha mãe até ficava com vergonha, achava que estavam achando que ela me influenciava. Mas não era nada disso. Era apenas um desejo de mudar as coisas, de fazer justiça. Eu acreditava – e ainda acredito – que a política pode ser instrumento para melhorar a vida das pessoas.
São Paulo TV – O senhor ficou nacionalmente conhecido pelo quadro “Patrulha do Consumidor”. Como essa ideia nasceu?
Celso Russomanno – Surgiu da minha formação jurídica e do desejo de dar voz ao consumidor que não sabia a quem recorrer. Eu via muita gente sendo lesada, humilhada, enganada, e pensei: “Se a imprensa pode fiscalizar, por que não fazer isso com base na lei?”. A “Patrulha do Consumidor” uniu o jornalismo à legislação de defesa do consumidor. Sempre fiz questão de agir com respeito, mas com firmeza. E o resultado foi que as pessoas passaram a se sentir representadas.
São Paulo TV – O que o senhor vê como os maiores desafios enfrentados pelo consumidor brasileiro hoje?
Celso Russomanno – O primeiro é a desinformação. Muita gente ainda não conhece seus direitos básicos. O segundo é a lentidão dos órgãos de fiscalização, que muitas vezes não conseguem dar conta da demanda. E o terceiro é o desrespeito reincidente por parte de empresas que lucram com a impunidade. O consumidor brasileiro ainda é tratado como se estivesse sempre errado. Isso precisa mudar.
São Paulo TV – E como o senhor tem atuado no Congresso para mudar esse cenário?
Celso Russomanno – Tenho dezenas de projetos de lei voltados à defesa do consumidor. Um deles prevê transparência total na cobrança de taxas bancárias, outro combate propagandas enganosas em contratos de prestação de serviço. Também luto pela integração nacional entre os Procons e pela criação de mecanismos digitais que agilizem a solução de conflitos, especialmente no comércio eletrônico.
São Paulo TV – O senhor tem falado muito sobre o “consumidor digital”. O que muda com essa nova realidade?
Celso Russomanno – Tudo mudou. O consumidor hoje compra por aplicativo, assina contrato por QR Code, recebe publicidade segmentada nas redes sociais. Mas a legislação ainda é da era do papel. Estou trabalhando para aprovar uma Carta de Direitos do Consumidor Digital, que regulamente as responsabilidades das plataformas e garanta mais segurança jurídica para quem compra online. O Brasil precisa acompanhar o ritmo da tecnologia.
São Paulo TV – E como o senhor enxerga o futuro do seu trabalho na política? Ainda tem planos ambiciosos?
Celso Russomanno – Tenho, sim. Meu compromisso é com a população, especialmente os mais vulneráveis. Enquanto houver um consumidor sendo enganado, uma mãe sendo desrespeitada numa fila de atendimento, uma pessoa sendo cobrada indevidamente, eu estarei trabalhando. E continuo acreditando que a política pode transformar vidas. Essa é a razão de eu seguir lutando.
São Paulo TV – Uma última pergunta: o que diria hoje ao menino da Vila Mariana que embalava doces para outras crianças?
Celso Russomanno – Eu diria: “Continue acreditando”. Porque vale a pena lutar pelo outro. E mesmo que pareça difícil, fazer o bem, fazer justiça e defender quem precisa é o que dá sentido à vida.
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