
Câmara dos Deputados: Prefeito Ricardo Nunes lidera oposição à renovação da concessão da Enel e denuncia sofrimento da população paulista
🗞️ Reportagem Especial — Da Redação da São Paulo TV BCiglioni, Bene Correa e Walter Westphal
📍 Brasília | Praça dos Três Poderes – Plenário 14 – Câmara dos Deputados
🕓 Terça-feira, 11 de junho de 2025 | 16h
“Deus o livre conviver mais 30 anos com essa empresa”, dispara Nunes em audiência na Câmara
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Aqui o video completo da audiência publica (34) Atuação da ENEL em São Paulo e prorrogação da concessão – Minas e Energia – 10/06/25 – YouTube
A atuação da concessionária Enel Distribuição São Paulo voltou ao centro de um acirrado debate nacional nesta terça-feira (10), durante audiência pública na Câmara dos Deputados. Convocada para discutir a prorrogação antecipada da concessão da multinacional italiana, a sessão contou com uma contundente participação do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que fez duras críticas à atuação da empresa e se posicionou veementemente contra a renovação do contrato — atualmente previsto para expirar em 2028.
“Não existe a menor condição dessa empresa continuar prestando serviços à cidade de São Paulo. Não é exagero, é realidade: a Enel falha sistematicamente, deixa a população no escuro e penaliza quem mais precisa de energia para viver e trabalhar”, afirmou o prefeito.
Nunes foi além: “A renovação da concessão seria um erro histórico. Deus o livre conviver mais 30 anos com essa empresa fazendo o povo sofrer sem energia. A população da maior cidade da América Latina merece respeito e segurança energética.”
Crise energética, prejuízos e indignação popular
Desde que assumiu a antiga Eletropaulo, em 2018, a Enel vem acumulando um histórico de colapsos operacionais em momentos críticos. As tempestades de novembro de 2023 e outubro de 2024 expuseram falhas estruturais graves na gestão da companhia. No primeiro caso, 2,1 milhões de pessoas ficaram no escuro por dias. Na segunda ocorrência, quase 530 mil residências permaneceram sem luz mesmo quatro dias após o temporal.
Mais recentemente, bairros inteiros da cidade de São Paulo, especialmente nas periferias, voltaram a enfrentar cortes de energia prolongados. Comerciantes relatam perdas bilionárias — estimativas da Fecomercio indicam um prejuízo de R$ 1,65 bilhão em três dias de apagão. Restaurantes, hotéis, hospitais e até escolas públicas chegaram a interromper suas atividades por falta de energia.
“Nunca vi uma empresa tão ruim como a Enel”, diz João Cury Neto em audiência

Durante a audiência pública, o deputado federal por São Paulo, João Cury Neto (MDB), fez duras críticas à Enel Distribuição São Paulo, classificando-a como uma das piores empresas prestadoras de serviço. Segundo ele, “a Enel é uma das piores empresas que prestam serviços para o cidadão” — e reforçou que a situação tem sido insuportável para famílias e negócios, com constantes falhas, atrasos e falhas na conexão de unidades essenciais como escolas e unidades de saúde.
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Ausência da presidência da Enel revolta parlamentares
Além da insatisfação da Prefeitura, diversos parlamentares expressaram indignação com a ausência do presidente da Enel Brasil, Nicola Cotugno, que havia sido convidado para prestar esclarecimentos sobre os recentes apagões, mas alegou compromissos profissionais. “É intolerável. Isso demonstra prepotência e a falta de capacidade de diálogo da empresa”, criticou o presidente da Comissão de Minas e Energia, deputado Rodrigo de Castro (União-MG).
Diante disso, parlamentares articulam a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a atuação da Enel no Estado de São Paulo. O deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP) chegou a afirmar: “Se estivéssemos em um país sério, o senhor [Cotugno] estaria preso.” Ele ainda denunciou a redução de 36% no número de funcionários desde a chegada da empresa.
Enel se defende com promessas de investimentos
O CEO da Enel São Paulo, Guilherme Lencastre, que assumiu o cargo em julho de 2024, reconheceu falhas na operação, mas defendeu a renovação do contrato com base em promessas de melhorias. Segundo ele, a empresa investirá R$ 10,4 bilhões entre 2025 e 2027 e já contratou 1.200 novos profissionais. “Reconheço que os números de 2023 e 2024 não são bons, mas estamos enfrentando eventos climáticos extremos inéditos.”
Para o prefeito Ricardo Nunes, essas justificativas não bastam. “O povo não quer PowerPoint, quer energia. O que vemos são promessas que não se cumprem, discursos que se repetem. E enquanto isso, vidas seguem em risco, empresas fecham, alunos ficam sem aula. Não há mais confiança.”
Privatização em xeque: falência do modelo ou má gestão?
A crise provocada pela atuação da Enel levanta uma questão crucial: até que ponto a privatização de serviços essenciais tem beneficiado a população?
Desde 2018, a Enel acumula R$ 320 milhões em multas da Aneel, parte delas ainda em disputa judicial. Investigações do Tribunal de Contas do Município de São Paulo e do Ministério Público apontam falhas graves no cumprimento contratual e na manutenção da rede elétrica.
Especialistas, como o professor Antônio Cecílio Moreira Pires, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, afirmam que o rompimento da concessão por “caducidade” é juridicamente possível, embora seja um processo complexo e demorado. “A encampação requer comprovação de falhas reiteradas e desrespeito à prestação adequada do serviço público”, explica.

Ricardo Nunes tem encabeçado, nos últimos meses, uma articulação nacional contra a prorrogação do contrato da Enel. Em São Paulo, presidiu pessoalmente as ações da Prefeitura contra a empresa, inclusive após a CPI da Câmara Municipal que investigou a concessionária e apontou falhas sistêmicas.
Na audiência em Brasília, o prefeito estava acompanhado do presidente nacional do MDB, deputado Baleia Rossi, e do vereador João Jorge (MDB), vice-presidente da Câmara Municipal de São Paulo e presidente da CPI da Enel na capital.
“Essa luta é pelo povo. Pela nossa cidade. O que está em jogo aqui é o direito básico à energia, à dignidade. E nós não vamos nos calar. Chega de descaso, chega de improviso”, concluiu Nunes, sob aplausos de parlamentares e representantes civis.
Reflexão Final: energia é serviço, não privilégio
A audiência desta terça-feira evidencia uma crise que ultrapassa a técnica — ela é ética, social e política. O caso da Enel São Paulo ilustra os riscos de concessões mal fiscalizadas, de agências reguladoras lenientes e de empresas que, sob o argumento de eventos climáticos, deixam milhões de cidadãos no escuro, no frio e na incerteza.
Enquanto o contrato de concessão segue até 2028, cresce a pressão popular e institucional por alternativas mais seguras, eficientes e humanas. Como bem resumiu o prefeito Ricardo Nunes: “Energia não é luxo. É dignidade. E dignidade não se negocia.”
✍️ Por: Redação São Paulo TV Broadcasting – Núcleo de Política e Cidadania
📸 Fotos: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados
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