Por Walter Westphal | Colunista de Automobilismo da São Paulo TV Broadcasting

No dia 1º de junho de 2025, durante a realização do Ironman Brasil, foi lançado um projeto que coloca Santa Catarina no centro de um debate essencial para o presente e o futuro: a qualidade da água nas praias brasileiras. Idealizado pela ultramaratonista aquática e mestranda em Ciências Ambientais pela FURB, Sandra Koch, o projeto “Braçadas Sustentáveis – Pelo Futuro da Água” alia esporte, ciência e sustentabilidade para monitorar e preservar o litoral catarinense.

📍 Praias monitoradas

Cinco praias de alto fluxo turístico e esportivo foram escolhidas para o monitoramento:

• Jurerê (Florianópolis)
• Cabeçudas (Itajaí)
• Balneário Camboriú
• Porto Belo
• Bombinhas

Além dessas, uma área de controle foi definida: a Ilha Deserta, dentro da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo. Entre os dias 6 e 9 de junho, Sandra Koch realizará uma travessia de ultramaratona a nado partindo de Florianópolis até a Ilha, dependendo das condições climáticas, coletando amostras no percurso.

🧪 O que está sendo analisado?

Durante os períodos de baixa (junho) e alta temporada (dezembro a março), amostras de água estão sendo coletadas para análise de:

• Bactérias fecais (coliformes e E. coli)
• Contaminantes químicos
• Microplásticos
• Parâmetros físico-químicos (turbidez, pH, temperatura, salinidade)

As análises são realizadas com o apoio do Laboratório Ambiental Freitag, da Rede Clima (UFSC) e do Veleiro ECO, especializado em pesquisas oceanográficas.

🔬 Dados oficiais e tendências preocupantes

Segundo o Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA), dos 238 pontos monitorados em maio de 2025, 78,81% estavam próprios para banho. Em Florianópolis, o índice foi um pouco inferior: 75,29%. No entanto, durante o verão, a balneabilidade costuma cair significativamente devido ao aumento de resíduos trazidos pelo turismo.

📈 Evolução da balneabilidade (2019–2024)

A seguir, a evolução dos percentuais de balneabilidade no estado nos últimos anos:

📊 Comparativo: alta vs. baixa temporada (2023)

O gráfico abaixo mostra a diferença entre os índices nas duas estações:

Fonte: IMA-SC
Acesse o mapa interativo atualizado do IMA em: balneabilidade.ima.sc.gov.br

🌍 Um desafio global

A temática ganhou visibilidade internacional durante as Olimpíadas de Paris 2024, quando a França investiu cerca de 1,4 bilhão de euros (aproximadamente R$ 8,4 bilhões) na despoluição do Rio Sena, visando as provas de triatlo e natação em águas abertas. Ainda assim, níveis críticos de contaminação quase inviabilizaram as competições, reforçando o tamanho do desafio.

🏊‍♀️ Sandra Koch: esporte e ciência em ação

Sandra Koch, atleta de elite e pesquisadora, já realizou travessias como:

• 36 km entre Porto Belo e Itajaí
• 30 km no Rio Negro, na Amazônia

Ela agora coloca sua experiência a serviço de uma causa maior: proteger os oceanos, garantir a saúde pública e contribuir com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, especialmente os ODS 3 (Saúde e Bem-Estar) e 14 (Vida na Água).

“Nosso objetivo é gerar dados que permitam entender os riscos à saúde dos nadadores e aos ecossistemas, e assim contribuir para políticas públicas mais eficientes”, afirma Sandra.

🎬 Documentários recomendados

Para quem deseja aprofundar o tema, sugerimos três obras essenciais:

• Mission Blue (Netflix) – A luta de Sylvia Earle pela proteção dos oceanos. Mission Blue – Netflix
• Seaspiracy (Netflix) – Investigação sobre os impactos da pesca industrial. Seaspiracy: Mar Vermelho – Netflix
• A Plastic Ocean (YouTube) – O rastro dos plásticos nos ecossistemas marinhos. https://www.youtube.com/watch?v=6zrn4-FfbXw

🚩 Mensagem final

Mais do que um retrato atual das nossas águas, o projeto Braçadas Sustentáveis é um chamado à ação:

• ✔️ Repensar práticas
• ✔️ Incentivar políticas públicas baseadas em ciência
• ✔️ Promover acesso seguro e sustentável às praias

Uma lição que atravessa mares, cidades e gerações.