
ANSIEDADE E O ENVELHECER: COMO TRANSFORMAR INQUIETUDE EM SERENIDADEARTIGO INTERMEDIÁRIO
Psicóloga Márcia Reis Redes Instagram
Ansiedade na maturidade: o desafio invisível
O envelhecer é celebrado como tempo de sabedoria, mas também pode trazer inquietações. Medo da solidão, incertezas sobre a saúde e sensação de perda de controle são comuns. Byung-Chul Han, filósofo em ‘A Sociedade do Cansaço’, lembra que vivemos em uma era de excesso de cobranças e produtividade, e essa pressão não desaparece com o avançar da idade. A ansiedade, portanto, não é exclusividade da juventude — ela acompanha todas as fases da vida, incluindo a maturidade
O que a ciência revela Pesquisas confirmam a relevância desse tema.
Durante a pandemia, um estudo no Brasil mostrou que 26,1% das pessoas acima dos 60 anos relataram sintomas de ansiedade. Dados internacionais também indicam que cerca de 9% dos indivíduos entre 60 e 74 anos convivem com sintomas ansiosos significativos.
Um dos estudos mais interessantes é de Yoav S. Bergman e Ehud Bodner, que analisaram pessoas de 65 a 90 anos. Eles observaram que altos níveis de ansiedade em relação ao envelhecimento, associados a baixa autoestima e falta de sentido de vida, estão relacionados a sintomas depressivos. Entretanto, quando autoestima e propósito estão presentes, a ansiedade perde intensidade. Esse achado confirma algo essencial: não se trata apenas de reduzir medos, mas de fortalecer o que dá pertencimento e significado.
Carl Gustav Jung já lembrava que cada etapa da vida tem suas tarefas psíquicas, e que recusar o envelhecimento é perder a chance de integrar novos sentidos. Viktor Frankl, criador da logoterapia, reforçava: ‘quem tem um porquê enfrenta quase qualquer como’. Ambos nos convidam a encarar o envelhecer não como um fim, mas como uma oportunidade de renovação de sentido
A ansiedade pode acompanhar o processo de envelhecer, mas não precisa defini-lo. Alguns caminhos comprovados pela ciência e pela psicologia clínica incluem:
Cuidar do corpo: exercícios regulares, sono de qualidade e boa alimentação fortalecem o equilíbrio emocional.
Cultivar vínculos: amizades, família e relações de confiança reduzem a solidão.
Buscar psicoterapia: espaço para elaborar medos e fortalecer recursos internos.
Alimentar propósito: projetos, espiritualidade ou contribuição social mantêm viva a chama do significado.
O envelhecer pode ser vivido não como perda, mas como integração. Mais do que combater a ansiedade, trata-se de ressignificar o momento presente e abrir espaço para uma vida plena de serenidade e sentido