
Israel ratifica cessar-fogo permanente com o Hamas; libertação dos reféns deve ocorrer em até 72 horas
Da Redação – São Paulo TV Broadcasting Bia Ciglioni Bene Correa
O governo de Israel confirmou nesta quinta-feira (9) a ratificação do acordo de cessar-fogo permanente com o grupo Hamas, mediado pelos Estados Unidos, Egito, Catar e Turquia. O pacto prevê a libertação de todos os reféns mantidos pelo grupo em até 72 horas, além do fim das operações militares na Faixa de Gaza.

O Hamas já havia assinado o documento e declarado o cessar-fogo permanente. A decisão israelense foi aprovada após uma longa reunião do Conselho de Segurança e recebeu apoio da maioria do gabinete de guerra, embora tenha enfrentado resistência de setores ultranacionalistas.
Rupturas internas e pressões políticas
Segundo a imprensa israelense, os ministros Itamar Ben-Gvir (Segurança Nacional) e Bezalel Smotrich (Finanças), representantes da extrema direita que integram o governo de Benjamin Netanyahu, votaram contra o acordo. Ambos alegam que o cessar-fogo enfraquece Israel e que o Hamas deveria ser completamente desmantelado antes de qualquer negociação.
Ao final da reunião, Ben-Gvir afirmou que derrubaria o governo caso o Hamas não fosse eliminado. Ainda assim, a proposta passou com maioria, sendo considerada por analistas uma decisão pragmática e estratégica diante da crescente pressão internacional e do desgaste político interno de Netanyahu.
Em entrevista à Fox News, o ministro de Relações Exteriores de Israel, Gideon Sa’ar, declarou que o país “não pretende prosseguir com a guerra” após a assinatura do acordo e que a prioridade agora é garantir a segurança e reconstrução das comunidades israelenses atingidas pelos ataques desde 2023.
Declarações do Hamas e garantias internacionais
Do outro lado, o negociador-chefe do Hamas, Khalil Al-Hayy, anunciou o fim da guerra contra Israel, destacando que o grupo recebeu garantias dos Estados Unidos e de mediadores árabes quanto à manutenção do cessar-fogo permanente.

Segundo Al-Hayy, o acordo inclui a retirada progressiva das tropas israelenses da Faixa de Gaza, a abertura de corredores humanitários e a libertação de prisioneiros palestinos. Ele afirmou que o Hamas cumprirá todos os pontos do tratado “desde que Israel também o faça com integridade e respeito aos civis palestinos”.
O plano de paz foi apresentado originalmente no final de setembro pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e ganhou força após semanas de negociações intensas entre emissários norte-americanos, egípcios, cataris e turcos.
Troca de reféns e prisioneiros
De acordo com o texto do acordo, o Hamas terá até 72 horas para libertar todos os reféns — vivos ou mortos. Israel estima que o grupo ainda mantenha 48 pessoas em cativeiro, das 251 sequestradas no ataque de 2023. A maioria das vítimas já foi libertada em rodadas anteriores de cessar-fogo ou resgatada em operações militares.
Fontes israelenses informaram que, dos reféns restantes, apenas 20 estariam vivos. O Hamas alegou que precisa de tempo adicional para localizar os corpos de vítimas falecidas, afirmando que parte deles pode estar sob os escombros em áreas destruídas por bombardeios israelenses.
Nesta quinta-feira, a Turquia anunciou a formação de uma força-tarefa internacional para ajudar o Hamas a encontrar os corpos das vítimas, contando com autoridades estrangeiras e equipes de resgate independentes.
Em troca, Israel deverá libertar aproximadamente 2 mil prisioneiros palestinos, incluindo condenados à prisão perpétua e detentos políticos.
Fim dos bombardeios e reposicionamento militar
O plano de paz também determina o fim imediato dos bombardeios israelenses na Faixa de Gaza. As Forças de Defesa de Israel (FDI) recuarão para linhas previamente acordadas com o Hamas, o que indica que parte das tropas ainda permanecerá em território palestino por um período de transição.
O documento inclui cláusulas de monitoramento internacional, prevendo que observadores das Nações Unidas e da Liga Árabe acompanhem o cumprimento do acordo. Além disso, o Egito deverá supervisionar a abertura gradual das fronteiras para entrada de alimentos, medicamentos e equipamentos de reconstrução.
Repercussão global
Líderes de diversas nações, incluindo França, Alemanha e Brasil, elogiaram a decisão de cessar-fogo. Em nota, o Palácio do Eliseu classificou o acordo como “um passo essencial para restaurar a dignidade humana em Gaza e a estabilidade regional”.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que o cessar-fogo é “uma oportunidade histórica para reconstruir a confiança e dar início a um processo de paz duradouro”.
Já o presidente norte-americano Donald Trump, em pronunciamento, declarou que o acordo “encerra o conflito mais sangrento da década” e prometeu apoio financeiro internacional à reconstrução de Gaza, desde que as partes cumpram as condições estabelecidas.
Um novo cenário no Oriente Médio
Com o anúncio, analistas avaliam que Israel e Hamas entram em uma fase inédita de transição política e militar. Embora persistam desconfianças de ambos os lados, a assinatura do cessar-fogo é vista como o primeiro passo concreto para a pacificação regional desde o início da guerra.
O mundo acompanha agora os próximos três dias, que serão decisivos para a libertação dos reféns e o cumprimento integral do acordo. Se bem-sucedido, o pacto poderá abrir caminho para um novo modelo de convivência entre israelenses e palestinos — e talvez o início de uma paz possível no Oriente Médio.