
Ultramaratonistas promovem nado em prol da preservação oceânica
Atletas participam do projeto Braçadas Sustentáveis, iniciativa que une esporte, ciência e conservação ambiental
Por Walter Westphal, Primeira Matéria do jornalista especializado na área automobilística, na São Paulo TV Broadcasting

Uma iniciativa inédita reunirá neste domingo (5), no litoral de Santa Catarina, alguns dos principais ultramaratonistas aquáticos do sul do Brasil em um desafio que une resistência, ciência e compromisso ambiental. O grupo fará a travessia de 20 km entre Bombinhas e a Ilha do Arvoredo, em uma ação que vai além do esporte: a preservação dos ecossistemas marinhos e a conscientização sobre a qualidade da água.
Entre os atletas confirmados estão Eduardo Puhlmann, Marcos Guimarães, Norton Nicolazzi Jr., Ramão Viecili e Sandra Koch, de Santa Catarina, e Marcelo Brião, do Rio Grande do Sul. A travessia integra o projeto Braçadas Sustentáveis – Pelo Futuro da Água, pesquisa conduzida pela mestranda Sandra Koch, da FURB, que busca monitorar os impactos da poluição nas águas costeiras, beneficiando tanto a saúde humana quanto a preservação ambiental.

Pesquisa e ciência na prática
Durante o percurso, serão coletadas amostras de água para análises ambientais que se repetirão na alta temporada, permitindo comparar os dados e avaliar o impacto do turismo sobre a qualidade hídrica. Ao todo, estão previstas 106 análises em praias de grande fluxo esportivo e turístico, incluindo Jurerê, Cabeçudas, Balneário Camboriú, Bombinhas e Porto Belo, em parceria com o Laboratório Ambiental Freitag.

O estudo avalia não apenas a presença de contaminantes, mas também os coeficientes de mistura da água conforme a distância da costa. Os resultados servirão de base para pesquisas acadêmicas, políticas públicas e estratégias de monitoramento. A iniciativa está alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, com destaque para o ODS 3 – Saúde e Bem-Estar e o ODS 14 – Vida na Água.
Sandra Koch, idealizadora do projeto e ultramaratonista aquática, destaca a importância de oferecer dados científicos à sociedade: “Pretendemos contribuir para o enfrentamento de doenças de veiculação hídrica e para a criação de estratégias eficazes de preservação da saúde planetária”.
O esporte como alerta ambiental
A Natação em Águas Abertas é uma das modalidades mais vulneráveis à degradação ambiental, já que atletas se expõem diretamente à água. Casos de contaminação têm crescido em função da poluição costeira e das mudanças climáticas. Um exemplo marcante foi a despoluição do Rio Sena, que custou cerca de R$ 8,4 bilhões para viabilizar as provas aquáticas dos Jogos Olímpicos de Paris 2024.
No litoral catarinense, os riscos também aumentam com a urbanização acelerada, a elevação da temperatura das águas, chuvas intensas e falhas nos sistemas de tratamento de esgoto. O projeto Braçadas Sustentáveis surge, portanto, como uma contribuição concreta para repensar práticas, ampliar o monitoramento e garantir um mar mais seguro e saudável.

Atletas e parceiros
Sandra Koch, além de pesquisadora, tem uma carreira de destaque nas provas de longa distância: foi a primeira brasileira a nadar entre Bombinhas e a Ilha do Arvoredo, percorreu 36 km entre Porto Belo e Itajaí e tornou-se a primeira catarinense a completar os 30 km do Rio Negro, no Amazonas.
A iniciativa conta com o apoio de Aquon Brasil, AABB Blumenau, Dermaestética, Alexandre Kirilos (treinador), Nádia Venturi (nutricionista esportiva) e Ocean Drop, demonstrando que ciência, esporte e sociedade podem se unir em prol da preservação do oceano.
Mais do que uma travessia esportiva, o projeto é um chamado à reflexão coletiva: preservar os mares é preservar a vida.