
Sou idoso e sou feliz

*José Renato Nalini
Acostumamo-nos a ser chamado “País Jovem”. Jovem porque sua ocupação pelos portugueses começou há pouco mais de meio milênio e porque a nossa população é, em sua maior parte, composta de jovens.
Isso já não é verdade. O Brasil padece do mesmo fenômeno universal de queda demográfica. Explica-se que os jovens hesitem na procriação, diante da situação planetária. Trazer ao mundo novas almas, destinadas ao enfrentamento dos cataclismos climáticos, da violência crescente, dos dramas econômicos, da polarização, da incerteza generalizada, tudo isso inibe quem poderia assumir paternidade/maternidade responsável.
Por outro lado, a ciência médica e a tecnologia conseguem prolongar a duração de nossa efêmera existência. A longevidade é um dom obtido graças às pesquisas e aos cuidados propiciados a quem queira viver mais.
Isso conduz a uma tomada de consciência geral: é preciso saber cuidar dos idosos, integrá-los à vida cotidiana, respeitar suas necessidades e suas fragilidades. Um grupo de dinâmicos pensadores produziu uma obra coletiva que precisa ser lida por todos: “Manual de anti-idadismo”. O lançamento foi na Câmara Municipal, com o vereador Eliseu Gabriel, Alexandre Kalache, um papa na matéria, Gilberto Natalini, Walter Feldman, Luciana Feldman e muitos outros adeptos a esse movimento que precisa se alastrar e ser disseminado por todo o Brasil.
Os jovens precisam ter consciência de que chegar à idade provecta é uma dádiva. A alternativa é muito ruim: é morrer cedo. Vamos colaborar para que os nossos idosos possam dizer: “Sou idoso e sou feliz!”. É um sinal de maturidade da nossa civilização, que pode dar exemplo ao mundo também nessa área.
*José Renato Nalini é Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.