
PIB dos EUA surpreende com revisão para cima e pressiona política monetária
Da Redação – São Paulo TV
São Paulo, 26 de setembro de 2025 – A segunda revisão do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos no segundo trimestre trouxe surpresa positiva para os mercados. O crescimento foi revisado de 3,3% para 3,8% em base anualizada, segundo o Bureau of Economic Analysis (BEA), impulsionado principalmente pelo avanço dos gastos dos consumidores, que cresceram 2,5% frente à estimativa anterior de 1,6%. O dado reforça a resiliência da economia norte-americana, mas também adiciona incerteza sobre os próximos passos da política monetária.

A analista de macroeconomia Sara Paixão, da InvestSmart XP, destacou que “os dados da economia americana continuam voláteis, o que é justificado pelo choque causado pelas tarifas impostas à importação”. Para ela, o desempenho acima do esperado justifica a postura mais cautelosa adotada pelo Federal Reserve (Fed) na condução da política de juros.
A revisão do índice de preços do consumo (PCE) também contribuiu para essa percepção: o dado foi ajustado de 2,5% para 2,6%, sinalizando pressões inflacionárias mais persistentes. Esse indicador é considerado o principal termômetro do Fed para a inflação, o que reforça a necessidade de prudência em cortes mais agressivos na taxa básica. O PCE “core”, que exclui alimentos e energia, também foi revisado para cima.
Na entrevista após a última decisão do Fed, o presidente Jerome Powell enfatizou que a autoridade monetária continuará avaliando cada indicador com cautela. Apesar disso, os mercados ainda projetam três cortes de juros até o fim do ano, embora a probabilidade de um corte na reunião de dezembro tenha recuado de 80% para 73% após a divulgação dos dados.
O desempenho do PIB decorre principalmente da força do consumo das famílias, especialmente em serviços como transportes, seguros e atividades financeiras. Por outro lado, investimentos empresariais e exportações apresentaram ritmo mais modesto, refletindo as incertezas globais e os impactos das tarifas comerciais.
Nos mercados financeiros, a reação foi imediata. Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano subiram, e o dólar ganhou força frente a outras moedas globais, evidenciando um movimento de busca por segurança. Para economias emergentes como o Brasil, o cenário exige atenção: juros americanos elevados por mais tempo podem pressionar o câmbio, encarecer o custo de financiamento externo e estimular a fuga de capitais.
Ainda assim, a economia brasileira possui fatores que podem atenuar os efeitos, como reservas internacionais robustas, câmbio flexível e taxas de juros domésticas em patamar alto. O desafio, no entanto, será manter o equilíbrio fiscal e sustentar a confiança dos investidores.
Especialistas projetam que o crescimento da economia americana deve perder fôlego nos próximos trimestres, com expansão anual variando entre 1,2% e 2%. Para o Fed, o desafio é calibrar a política monetária sem sufocar o consumo — justamente o motor que manteve o país em trajetória acima do esperado no segundo trimestre.
Da Redação – São Paulo TV