
Alckmin: “Boa química” pode ajudar a avançar relação Brasil-EUA
Da Redação – São Paulo TV Direção de Jornalismo com pesquisa Bia Ciglioni e Jornalista Bene Correa Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
O presidente em exercício, Geraldo Alckmin, comemorou nesta quarta-feira (24/9) o “rápido, mas bom encontro” entre Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump na Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, e afirmou que a “boa química” entre os dois líderes pode ser decisiva para avançar nas relações entre Brasil e Estados Unidos.
Desde o início das tensões, marcadas por tarifas americanas contra produtos brasileiros e novas sanções a autoridades nacionais, Alckmin tem desempenhado papel de conciliador. Foi dele a condução de várias agendas de diálogo com empresários, diplomatas e ministros, insistindo que a saída estaria na negociação. Esse esforço discreto, mas contínuo, pavimentou o caminho para que o breve encontro entre Lula e Trump se transformasse em uma oportunidade concreta de aproximação.
“Olha, primeiro destacar o bom discurso do presidente Lula nas Nações Unidas, discurso importante levando uma mensagem do povo brasileiro. Depois, destacar o bom encontro — rápido, mas um bom encontro — entre os presidentes. Acho que tem tudo para a gente avançar. A boa química entre as pessoas ajuda o fortalecimento das relações entre os países também. Então, nós estamos otimistas aqui”, disse Alckmin, durante evento do BNDES no Rio de Janeiro.
O esforço de mediação
Desde os primeiros sinais de desgaste na relação bilateral, Alckmin defendeu que as tensões fossem tratadas com serenidade, reforçando que o Brasil deveria buscar diálogo mesmo diante de críticas e tarifas. Sua atuação junto ao Itamaraty e a representantes do setor produtivo foi descrita como fundamental para manter abertas as portas da diplomacia. “Sempre tem espaço para o diálogo, questões tarifárias, não tarifárias, e muita oportunidade de investimentos”, enfatizou nesta quarta-feira, reforçando sua visão de que a convergência entre interesses econômicos é inevitável.
O que deve estar na pauta
A reunião entre Lula e Trump, prevista para os próximos dias, deve colocar em debate os principais pontos de atrito econômico. O Brasil tentará reverter tarifas sobre aço, autopeças e bens industrializados, enquanto busca ampliar o acesso de commodities agrícolas como carne bovina, soja e café ao mercado norte-americano. Também estão na mesa temas globais, como a cooperação em biocombustíveis e hidrogênio verde, a regulação de plataformas digitais — defendida por Lula e contestada por Trump — e a agenda de segurança hemisférica.
Uma relação centenária
A aproximação é ainda mais significativa diante da longa história entre os dois países. Brasil e Estados Unidos mantêm relações formais de cooperação há mais de 100 anos, atravessando períodos de guerra, ditadura, crises econômicas e divergências ideológicas. Essa trajetória mostra que, mesmo em momentos de forte tensão, a relação sempre encontrou no pragmatismo um ponto de equilíbrio.
Economia como motor da diplomacia
O pano de fundo é o peso econômico da parceria. Em 2024, o comércio bilateral somou US$ 127,6 bilhões. Os EUA exportaram US$ 49,1 bilhões ao Brasil e importaram US$ 42,3 bilhões, enquanto o superávit em serviços foi expressivo: US$ 29,6 bilhões contra US$ 6,5 bilhões. Para o Brasil, vender cerca de US$ 40 bilhões ao mercado americano correspondeu a quase 2% do PIB nacional.
Analistas apontam que esse volume de negócios explica por que a retórica dura, que serve para mobilizar bases políticas, logo dá lugar à diplomacia pragmática. Foi nesse terreno que Alckmin se destacou: ao manter viva a defesa do diálogo, mesmo no auge do conflito, ajudou a sustentar a ponte que agora se traduz em reunião marcada.
Otimismo para o futuro
A imprensa internacional também registrou a importância do gesto. A Reuters relatou que Trump falou em “química excelente” com Lula e anunciou disposição de se reunir nos próximos dias. O Guardian destacou que Lula reafirmou a resiliência da democracia brasileira, enquanto o Washington Post ressaltou o tom duro de Trump na ONU. Para Alckmin, no entanto, é justamente a capacidade de transformar contraste em cooperação que abre caminho para o avanço: “A boa química entre as pessoas ajuda o fortalecimento das relações entre os países. Estamos otimistas”.
Redação – São Paulo TV