Coluna São Paulo TV – Walter Westphal
A Fórmula 1 chega à sua 18ª etapa da temporada 2025 em um cenário de enorme expectativa. O Grande Prêmio do Azerbaijão, disputado nas ruas de Bacu, pode consagrar de forma antecipada a McLaren como campeã do Mundial de Construtores. Mais do que isso: pode simbolizar a virada definitiva de uma equipe que, após anos de reconstrução, hoje dita o ritmo da categoria mais tradicional do automobilismo mundial.
McLaren: a força de uma nova geração
A escuderia britânica, que viveu tempos de glória com nomes como Ayrton Senna, Alain Prost, Mika Häkkinen e Lewis Hamilton, renasce em 2025 liderada por uma dupla jovem e extremamente talentosa. Oscar Piastri, líder do Mundial de Pilotos com 324 pontos, e Lando Norris, vice-líder com 293, formam uma parceria que alia ousadia e consistência, atributos raros em campeonatos tão competitivos.
No Mundial de Construtores, a McLaren já acumula 617 pontos — uma distância confortável para Ferrari (280) e Mercedes (260). Se mantiver o ritmo, pode chegar ao fim da temporada com 925 pontos, superando a marca histórica da Red Bull em 2023 (860 pontos). O feito seria ainda mais emblemático por representar o fim de uma hegemonia que parecia inabalável.
A receita do sucesso: inovação e ousadia técnica
A McLaren não apenas encontrou dois pilotos em fase excepcional, mas também ousou tecnicamente. A equipe apostou em um design aerodinâmico radical, privilegiando estabilidade em curvas rápidas e gestão eficiente dos pneus. O sistema de freios, redesenhado para melhorar a refrigeração, garantiu maior durabilidade e permitiu extrair performance sem comprometer a confiabilidade.
Enquanto isso, a Red Bull mostrou força em Monza, circuito que favorece velocidade máxima. Max Verstappen venceu com autoridade, fruto de atualizações que priorizaram a reta e a eficiência em alta velocidade. Mas em Bacu, as características são distintas: curvas fechadas, trechos estreitos e uma reta de altíssima velocidade exigem equilíbrio. E é justamente nesse equilíbrio que a McLaren tem se destacado.
Rivalidade em alta: Piastri x Verstappen
A rivalidade que se desenha entre Oscar Piastri e Max Verstappen já começa a marcar época. Se Verstappen é o nome da década passada, com títulos e recordes, Piastri desponta como o grande talento da nova geração. Sua vitória em Bacu em 2024 mostrou maturidade e agressividade, qualidades que agora se repetem ao longo de toda a temporada.
Lando Norris, por sua vez, consolidou-se como peça-chave para a McLaren. Sua regularidade é um trunfo para a equipe, que soma pontos importantes com os dois carros, ampliando a vantagem sobre as rivais. A matemática é simples: se a equipe conquistar vitória e segundo lugar neste domingo, o título de Construtores estará assegurado.
O palco: circuito urbano de Bacu
Bacu, a capital do Azerbaijão, recebe a Fórmula 1 desde 2017 e tornou-se rapidamente um dos circuitos mais desafiadores do calendário. Com 6.003 km de extensão e 20 curvas, o traçado mescla a estreiteza de Mônaco com a complexidade de Singapura. Ao mesmo tempo, conta com uma das retas mais longas da temporada, onde os carros podem alcançar até 360 km/h.
O circuito passa por pontos turísticos icônicos, como as muralhas medievais da cidade antiga e os modernos arranha-céus que simbolizam a riqueza do Azerbaijão. A Praça Azadlig, ponto de largada e chegada, transforma-se em vitrine mundial para o país e em palco de momentos históricos da Fórmula 1.
Nos últimos quatro anos, os vencedores foram:
- 2021: Sergio Pérez (Red Bull)
- 2022: Max Verstappen (Red Bull)
- 2023: Max Verstappen (Red Bull)
- 2024: Oscar Piastri (McLaren)
A vitória do australiano em 2024 interrompeu a sequência da Red Bull e deu início à virada que hoje pode culminar em título.
Gabriel Bortoleto: o Brasil de volta ao grid
Outro motivo de orgulho nesta temporada é a presença do brasileiro Gabriel Bortoleto. Em sua primeira temporada completa na categoria, o piloto de 19 anos tem mostrado maturidade e constância, acumulando 18 pontos e ocupando a 16ª posição no campeonato. O desempenho devolve ao público brasileiro a esperança de voltar a ver um compatriota disputando as primeiras posições na Fórmula 1 — lembrança que remete à era de Senna, Piquet e Fittipaldi.
Classificação atual
Pilotos
- Oscar Piastri – 324 pts
- Lando Norris – 293 pts
- Max Verstappen – 230 pts
Construtores
- McLaren – 617 pts
- Ferrari – 280 pts
- Mercedes – 260 pts
Expectativa para domingo
O GP do Azerbaijão reúne todos os elementos para ser um marco: rivalidade em alta, disputa técnica entre duas filosofias de carro distintas e a possibilidade de coroar uma equipe histórica com um título antecipado. Se a McLaren confirmar o favoritismo, o circuito de Bacu poderá entrar para a história como o palco da retomada definitiva de Woking ao topo da Fórmula 1.
Para os fãs, é a promessa de um espetáculo de velocidade, estratégia e emoção — ingredientes que fazem da Fórmula 1 muito mais do que um esporte: um teatro de sonhos, onde tecnologia e coragem se encontram a cada curva.
Walter Westphal – Colunista de Automobilismo, São Paulo TV