
Juiz bloqueia envio de tropas federais a Los Angeles pelo governo Trump
São Paulo TV – Internacional Correspondente Europa Samys Monatanaro
Juiz bloqueia envio de tropas federais a Los Angeles pelo governo Trump
Decisão suspende medida até 12 de setembro; Casa Branca deve recorrer
O juiz federal Charles Breyer, do Tribunal Distrital dos Estados Unidos, determinou nesta terça-feira (2) a suspensão da ordem do presidente Donald Trump que autorizava o envio da Guarda Nacional e de outras forças armadas para atuar em Los Angeles no combate ao crime.
Na decisão de 52 páginas, Breyer afirmou que a medida violou a Lei de Posse Comitatus, legislação que limita o uso de tropas federais para a aplicação da lei dentro do território norte-americano. A suspensão está válida até o dia 12 de setembro, prazo em que a Casa Branca deve apresentar recurso.
Contexto da crise
Em junho, Trump havia mobilizado 4 mil soldados da Guarda Nacional e 700 fuzileiros navais para Los Angeles, em resposta a protestos contra a política migratória. Blindados e militares fortemente armados, muitos sem identificação, foram utilizados em bloqueios viários e no controle de multidões — cenário considerado pelo juiz como uma tentativa de criar uma “força policial nacional sob comando direto do presidente”.
A maioria das tropas foi retirada em julho, após a diminuição dos protestos, mas o governo federal insistiu na possibilidade de novas mobilizações, o que levou a Califórnia, liderada pelo governador democrata Gavin Newsom, a recorrer à Justiça.
Vitória para os democratas
A decisão de Breyer foi celebrada por Newsom como uma vitória contra a “militarização ilegal” de cidades americanas. Em publicação no X (antigo Twitter), o gabinete do governador afirmou:
“O povo da Califórnia conquistou a tão necessária responsabilização contra a militarização ILEGAL de uma cidade americana por Trump!”.
O episódio se soma a outros embates recentes entre Trump e autoridades locais. O republicano já havia ordenado o envio da Guarda Nacional para Washington, e nesta terça-feira voltou a ameaçar intervir em Chicago, cidade que descreveu como “a pior e mais perigosa do mundo”.
📌 Análise São Paulo TV
A decisão representa um freio importante às tentativas de Trump de ampliar o poder presidencial sobre forças militares dentro dos Estados Unidos. O caso ainda deve se arrastar até a Suprema Corte, mas abre um precedente delicado em ano eleitoral, reacendendo o debate sobre os limites da autoridade executiva diante da autonomia dos estados.