
Exportação de café brasileiro tem queda de quase 30% em julho
Da redação da São Paulo Tv jornalista Bene Correa com informações da Folha de São Paulo Imagem São Paulo Tv
Mesmo antes da entrada em vigor das taxas impostas pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros, a venda de café para o mercado internacional já apresenta queda.
Em julho, a exportação de café verde do Brasil recuou 28,1%, na comparação com o mesmo mês do ano passado, para 2,45 milhões de sacas de 60 kg, segundo números apresentados pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
A queda ocorre no momento que o setor lida com estoques reduzidos, na expectativa da entrada em vigor de tarifas de importação de 50% dos Estados Unidos, prevista para agosto.
Maior produtor e exportador de café do mundo, o Brasil embarcou para o exterior 1,98 milhão de sacas de grãos arábica no mês passado, uma queda de 20,6% em relação ao ano anterior.
Já as exportações de cafés canéforas (robusta/conilon) caíram quase 49%, para cerca de 461 mil sacas, de acordo com os dados do Cecafé.
Considerando o produto industrializado, foram embarcados nos portos brasileiros 2,73 milhões de sacas de 60 kg em julho, que é o primeiro mês do ano da safra 2025/26. O número representa uma queda de 27,6%, na comparação com o mesmo período de 2024, segundo o conselho de exportadores.
Já a receita cambial foi recorde para meses de julho, com o ingresso de US$ 1,03 bilhão, cerca de R$ 5,55 bilhões, um crescimento de 10,4% no comparativo anual, afirmou o Cecafé.
Entregas adiadas
O conselho de exportadores destacou ainda que não houve impactos do tarifaço de 50% do governo dos EUA contra o Brasil nas exportações de julho, já que a previsão é de que as tarifas entrem em vigor em 6 de agosto. Vale lembrar, que o café carregado no Brasil até a data poderá entrar nos Estados Unidos sem pagar a taxa desde que chegue até 6 de outubro.
De acordo com o presidente do Cecafé, Márcio Ferreira, as indústrias norte-americanas estão no aguardo e buscam soluções para a questão tarifária, que impacta o principal consumidor global de café, que são os Estados Unidos, e também o maior fornecedor, o Brasil.
Ferreira diz que o setor de café dos Estados Unidos tem estoque para 30 a 60 dias, “o que gera algum fôlego para aguardarem um pouco mais as negociações em andamento”.
Mesmo assim, os exportadores brasileiros vêm recebendo pedidos de adiamento de embarques, enquanto os importadores visam evitar as tarifas, em caso de uma negociação bem-sucedida.
“O que já visualizamos são eventuais pedidos de prorrogação, que são extremamente prejudiciais ao setor”, afirma Márcio Ferreira.
Ele comentou ainda que esse problema ocorre porque adiantamentos sobre contrato de câmbio (ACC), que é um instrumento geralmente fechado quando o exportador realiza o negócio, determinam um tempo para o cumprimento do compromisso de exportação.
“Com a prorrogação dos negócios, o ACC não é cumprido e passamos a sofrer com mais juros, com taxas altas, e custos adicionais, com overhead, por exemplo”, declarou Ferreira.
Negociações mantidas
O Cecafé informou ainda que continua o trabalho para alcançar, com o apoio do governo brasileiro e os pares do setor privado norte-americano, o entendimento para que os cafés do Brasil entrem na lista de isenção do tarifaço, uma vez que o produto não é cultivado em escala nos EUA.
O setor também vem mantendo diálogos com os governos federal e dos estados produtores sobre a necessidade de implantações de medidas “temporariamente compensatórias”, enquanto vigoram as tarifas..
Os Estados Unidos seguem como o maior comprador dos cafés do Brasil no acumulado do ano até julho, com a importação de 3,71 milhões de sacas. Isto representa 16,8% dos embarques totais para o mercado internacional.
Apesar de esse volume representar queda de 17,9% na comparação com o período de janeiro a julho de 2024, ele fica acima dos 16% de representatividade aferidos no mesmo intervalo do ano passado, comunicou o Cecafé.