
80 anos da bomba atômica: as lições da tragédia de Hiroshima e a força de reconstrução do Japão
SÃO PAULO TV – ESPECIAL DA REDAÇÃO
Nesta quarta-feira, 6 de agosto de 2025, o mundo relembra um dos capítulos mais sombrios da história da humanidade: há exatamente 80 anos, os Estados Unidos lançavam a primeira bomba atômica da história sobre a cidade de Hiroshima, no Japão. Três dias depois, a segunda bomba atingiria Nagasaki. Estima-se que mais de 200 mil pessoas tenham morrido como resultado imediato ou das consequências posteriores das explosões nucleares, que aceleraram o fim da Segunda Guerra Mundial, mas deixaram cicatrizes profundas no corpo e na alma do povo japonês.

Hiroshima logo após o bombardeio, mostrando a devastação total e a cidade reduzida a escombros — símbolo da destruição causada pela bomba de 6 de agosto de 1945
A bomba “Little Boy”, lançada sobre Hiroshima em 6 de agosto de 1945, devastou instantaneamente a cidade. A explosão matou cerca de 80 mil pessoas no momento do impacto e deixou milhares de sobreviventes com queimaduras gravíssimas e exposição à radiação, cujos efeitos foram sentidos por décadas. Em Nagasaki, a bomba “Fat Man” causaria destruição semelhante. O impacto dessas ações transformou o Japão para sempre, e ainda hoje serve como alerta sobre os perigos da guerra e da escalada armamentista.

Sobreviventes em Hiroshima em 1947, exibindo cicatrizes visíveis de queimaduras e impactos da radiação — um retrato da força humana frente ao horror
O renascimento de um país

Apesar da destruição quase total das duas cidades, o Japão conseguiu se reorganizar e ressurgir das cinzas. Com apoio internacional, especialmente dos próprios Estados Unidos durante o período da ocupação, e graças à resiliência de seu povo, o país investiu em educação, tecnologia, cultura e industrialização.
Hoje, o Japão é a terceira maior economia do mundo, líder global em inovação e referência em áreas como robótica, mobilidade urbana, sustentabilidade e cultura pop. Cidades como Hiroshima e Nagasaki se tornaram símbolos internacionais de paz. O Parque Memorial da Paz de Hiroshima, por exemplo, é um dos mais importantes marcos contra a guerra nuclear, e recebe todos os anos visitas de líderes mundiais e milhões de turistas.
Exposição na Japan House em São Paulo

Em memória aos 80 anos do bombardeio, a Japan House São Paulo realiza nesta semana uma exposição especial que homenageia as vítimas de Hiroshima e Nagasaki e celebra a força de reconstrução do povo japonês. A mostra reúne artefatos, documentos históricos, fotografias raras, depoimentos de sobreviventes — conhecidos como hibakushas — e instalações multimídia que convidam à reflexão.
A proposta é não apenas preservar a memória do acontecimento, mas também provocar uma discussão contemporânea sobre o desarmamento nuclear e a paz entre as nações. “Lembrar é resistir à repetição. Esta exposição é um chamado à humanidade”, declarou o curador da mostra, Kenji Tanaka.
Lições para o mundo
A tragédia das bombas atômicas é um marco incontornável da história. Mas talvez o que mais impressiona, oito décadas depois, seja a capacidade de superação do Japão. De um país arrasado, sob ocupação militar e com parte significativa de sua população traumatizada, o Japão escolheu o caminho do pacifismo e da reconstrução.
Em sua Constituição pós-guerra, o artigo 9 proíbe o país de manter forças armadas para fins de agressão. Mais do que isso, o Japão investiu fortemente em cultura, ciência e tecnologia — construindo uma nação moderna, segura, funcional e com forte identidade.
A lição que fica ao mundo, em 2025, é clara: mesmo diante da maior devastação, é possível reconstruir, transformar dor em esperança, e guiar o futuro com base na paz e no respeito à dignidade humana. Hiroshima não é apenas uma memória de destruição — é também um símbolo de que a vida pode vencer o horror da guerra.
Serviço
📍 Exposição “Hiroshima – 80 anos: Memória e Reconstrução”
📍 Japan House São Paulo – Av. Paulista, 52 – Bela Vista
📅 De 6 de agosto a 15 de setembro de 2025
🎟 Entrada gratuita