Artigo *José Renato Nalini
Uma capital com a dimensão de São Paulo, com cerca de treze milhões de habitantes, guarda realidades múltiplas e surpreendentes. Há pessoas que assumem o protagonismo de verdadeiros neo-bandeirantes e se encarregam de requalificar espaços, tornando a cidade mais resiliente e adaptada para o enfrentamento dos fenômenos extremos das emergências climáticas.
Foi uma gratificante experiência participar do Projeto Despertar realizado no último sábado de maio na Cidade Ademar. Foi surpresa agradável constatar o envolvimento do pessoal dali. Jovens limpando o Córrego do Cordeiro, equipes pintando grafites artísticos nos muros, instalação de decks e parklets, Renata Falzoni incentivando os moradores a se entregarem ao ciclismo, opção que faz bem para a saúde e para o ambiente. Rodolfo Marino, Anna Maria e Edgar num exercício de disseminação daquela verdade inafastável: quando o povo quer, ninguém segura.
O amor pela cidade em que se vive pode e deve se manifestar dessa forma. Entregar-se a um voluntariado que muda a realidade e não apenas se entregar as lamúrias e lamentações, até compreensíveis para uma conurbação que cresceu de forma desordenada e que, durante séculos, serviu-se mal dos recursos naturais, conduzindo-os à fase crítica de verdadeiro exaurimento.
Exemplos como o do Projeto Despertar, nascido da generosa consciência de Milu Vilela, deveriam se multiplicar para que nossa amada capital paulistana crescesse em qualidade e resiliência.
O testemunho da equipe nele envolvida é a demonstração cabal de que a democracia participativa pode ser uma realidade e não mais um discurso vazio. Parabéns a todos os participantes!

*José Renato Nalini é Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.