
Deputadas de São Paulo recebem segurança após ameaças: polícia já tem suspeito, e Alesp adota medidas
Redação São Paulo TV – Bene Corrêa e B. Ciglioni Fotos Alesp
Fonte: CNN Brasil, UOL, Folha de S. Paulo
Data: 4 de junho de 2025
A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) definiu nesta terça-feira (3) um novo protocolo de segurança para proteger as deputadas estaduais que receberam, no último sábado (31), e-mails com ameaças de morte, estupro, injúrias raciais e conteúdo capacitista. O caso, inédito pela abrangência — já que atingiu todas as parlamentares mulheres da Casa —, mobilizou a presidência da Alesp e motivou uma série de medidas preventivas e investigativas.
Segundo o presidente da Alesp, deputado André do Prado (PL), as ameaças foram classificadas como “muito graves” e representam um “ataque direto à democracia e à integridade do parlamento paulista”. O parlamentar garantiu que a Casa “não tolerará nenhum tipo de ameaça” e que irá até as últimas consequências para identificar o autor do crime e preservar a integridade das deputadas.

Entre as medidas aprovadas estão o reforço na escolta das parlamentares conforme a necessidade individual, a instalação de novas câmeras nos corredores da Alesp, a ampliação do rigor no controle de entrada e saída por crachás e a facilitação do uso de carros blindados. Além disso, será lançada uma campanha institucional contra a violência política de gênero.
Treze deputadas estaduais protocolaram uma queixa-crime junto à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), e ao Núcleo de Observação e Análise Digital (Noad). Em nota conjunta, destacaram que o episódio não é isolado e que “parte das parlamentares da Alesp já tinha sofrido ameaças similares”, mas esta foi a primeira vez que o ataque foi coletivo. “Intimidações desse tipo não podem ser aceitas sob o regime democrático em que vivemos”, diz o documento.
A deputada Ediane Maria (PSOL) foi uma das vozes mais enfáticas: “Além de todo horror contido no e-mail, com insultos racistas e capacitistas, a forma como disseram que iriam agir, dentro da Alesp, é uma ameaça direta à democracia”.

A Polícia Civil de São Paulo confirmou que já há um suspeito: um homem de 28 anos, cujo computador e celular foram apreendidos para perícia. O investigado nega qualquer envolvimento e alega que seus dados foram utilizados por terceiros, possivelmente em meio a uma disputa entre hackers — uma das linhas de apuração, segundo a Folha de S. Paulo. Para não prejudicar as investigações, a identidade do suspeito segue preservada.
A Alesp também fará um teste de segurança no prédio, visando revisar e aperfeiçoar os protocolos de proteção em casos de ameaças. “Todas as medidas que forem necessárias para manter uma maior segurança das nossas deputadas, esta presidência tomará”, afirmou André do Prado.
A deputada Marina Helou (Rede) lamentou o contexto, apontando que “esses ataques escancaram a persistência da violência política de gênero. Uma estratégia para silenciar, constranger e deslegitimar mulheres que ocupam espaços de poder”.

A situação reacende o debate nacional sobre o aumento da violência contra mulheres na política — um problema recorrente, mas ainda sem respostas efetivas do Estado. As deputadas cobram investigação célere, punição exemplar e políticas públicas permanentes de enfrentamento ao ódio político de gênero.
Redação São Paulo TV Broadcasting
Com Bene Corrêa e B. Ciglioni
Fontes: CNN Brasil, UOL, Folha de S. Paulo