
Venda de sentenças, lavagem de dinheiro e redes clandestinas: os bastidores da nova fase da Operação Sisamnes
Por Redação São Paulo TV | 14 de maio de 2025 foto arquivo Vagner Rosário/VEJA/
A Polícia Federal voltou às ruas nesta terça-feira (14) para dar sequência à Operação Sisamnes, uma das investigações mais sensíveis em curso no país. A nova fase mira uma suposta rede de lavagem de propina envolvendo a negociação de sentenças judiciais, com foco especial no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Apesar da gravidade das denúncias, o STJ informou que não foi alvo de buscas e que o caso tramita em sigilo.
A ofensiva ocorre no momento em que o Poder Judiciário enfrenta crescente escrutínio da opinião pública. A investigação expõe os bastidores de um sistema onde empresários, advogados, lobistas, assessores e até magistrados estariam envolvidos em um sofisticado esquema de compra e venda de decisões judiciais, com mecanismos para dificultar o rastreamento do dinheiro ilícito.
Ações e alvos
Nesta nova etapa, foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão autorizados pelo ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), que também determinou o sequestro de R$ 20 milhões dos investigados e a apreensão de passaportes para impedir eventuais fugas do país.
Um dos alvos é o advogado Ussiel Tavares, ex-presidente da OAB-MT. Em nota à imprensa, ele afirmou desconhecer os fundamentos da decisão que embasou as buscas e declarou ter sempre atuado com legalidade e ética. “Reafirmo meu total compromisso com a verdade e coloco-me inteiramente à disposição das autoridades”, declarou. A OAB do Mato Grosso acompanha o caso e reforçou confiança nas instituições.
A teia do esquema
Segundo a Polícia Federal, uma “rede financeiro-empresarial” teria sido articulada com o objetivo de dissimular o pagamento de propinas, ocultando a relação direta entre os corruptores e agentes públicos corrompidos. A operação apura crimes como:
- Corrupção ativa e passiva
- Lavagem de dinheiro
- Organização criminosa
- Evasão de divisas e câmbio ilegal
O nome da operação, Sisamnes, é uma alusão histórica ao juiz persa do reinado de Cambises II, que foi punido por vender uma sentença injusta após aceitar suborno — um símbolo da degradação da justiça pela corrupção.
Os desdobramentos anteriores
A primeira fase da Sisamnes, deflagrada em novembro de 2024, resultou na prisão do empresário Andreson Gonçalves, apelidado de “lobista dos tribunais”, e em buscas na residência de assessores de ministros do STJ, afastados após o escândalo. À época, o STJ declarou que nenhum de seus ministros tinha conhecimento de irregularidades.
Já a segunda fase, em dezembro, concentrou-se em operações imobiliárias suspeitas ligadas ao esquema. O Supremo determinou o sequestro de bens de um magistrado.
Em março de 2025, um novo desdobramento revelou a existência de um núcleo clandestino de comercialização de informações sigilosas de investigações conduzidas no STJ, com o objetivo de frustrar ações da PF. Esse braço do esquema envolvia, ainda, monitoramento indevido de procedimentos judiciais sigilosos.
Sigilo, tensão e confiança abalada
Apesar de o inquérito correr sob sigilo, a dimensão da operação já é suficiente para acender um alerta no sistema de Justiça brasileiro. A atuação de ministros, assessores e operadores do Direito na esfera mais alta do Judiciário compromete a confiança na imparcialidade e na lisura das instituições.
A São Paulo TV continuará acompanhando todos os passos da Operação Sisamnes, com atualizações sobre os desdobramentos desta que pode se tornar uma das maiores investigações de corrupção judicial da história recente do país.
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