
Trump dobra tarifas sobre aço e alumínio e acirra tensões comerciais globais
Da Redação da São Paulo Tv Jornalista Bene Correa BCiglioni e Editoria WDC USA, com informações da AFP, CNN, Valor Econômico e Reuters Ilustração São Paulo Tv
A nova onda de protecionismo norte-americano ganhou força nesta terça-feira (3), quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou um decreto que dobra de 25% para 50% as tarifas sobre as importações de aço e alumínio, dois setores considerados estratégicos para a segurança nacional.
As novas tarifas entram em vigor nesta quarta-feira (4) e já provocam reações de governos e mercados ao redor do mundo. A medida faz parte de um pacote mais amplo que, segundo o governo americano, visa “eliminar a ameaça persistente das importações desleais” e “proteger empregos e indústrias críticas no território americano”.
Desde seu retorno à presidência em janeiro, Trump tem endurecido a política comercial externa. A nova tarifa se soma às já aplicadas sobre automóveis, baterias elétricas e painéis solares, ampliando o espectro da guerra tarifária iniciada durante seu primeiro mandato.
Impacto direto no Brasil e na América Latina
Segundo dados da Administração de Comércio Internacional dos EUA, o Canadá segue como principal exportador de aço para os EUA, seguido pelo Brasil e pelo México. Só em 2024, o Brasil exportou mais de 3,2 milhões de toneladas de aço para o mercado norte-americano, movimentando mais de US$ 2,5 bilhões. Com a nova tarifa, especialistas da FGV e da CNI projetam uma retração de até 30% nas exportações brasileiras de aço aos EUA nos próximos 12 meses.
O governo brasileiro, por meio do Itamaraty, informou em nota que “acompanha com preocupação a medida” e que irá “avaliar as possíveis reações multilaterais no âmbito da OMC”. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços também iniciou um mapeamento dos setores que poderão ser mais afetados no Brasil.
Reações internacionais e temor de retaliações
A União Europeia, por meio de sua comissária de Comércio, alertou para a possibilidade de “respostas proporcionais” caso os países do bloco sofram perdas significativas com a nova tarifa. A China, por sua vez, classificou a medida como “unilateral e injustificável”, indicando que poderá recorrer novamente à Organização Mundial do Comércio (OMC).
Na América Latina, o México anunciou que estuda novas medidas de proteção à sua indústria siderúrgica, e a Argentina demonstrou solidariedade aos países afetados, destacando que tarifas desse tipo impactam negativamente o equilíbrio comercial global.
Motivações políticas e eleitorais
O anúncio das novas tarifas foi feito por Trump durante visita a uma fábrica da US Steel, na Pensilvânia — estado-chave na corrida eleitoral americana. O gesto é interpretado como uma tentativa clara de consolidar apoio junto a operários e sindicatos industriais, tradicionalmente decisivos nas eleições presidenciais.
Analistas internacionais avaliam que Trump busca com essa estratégia reforçar sua imagem de defensor da indústria nacional em um momento de forte polarização política e de crescimento econômico moderado nos EUA.
Mercado reage com instabilidade
As bolsas de valores ao redor do mundo reagiram com cautela: o índice Dow Jones recuou 1,4%, enquanto bolsas europeias e asiáticas também fecharam em queda. O dólar subiu frente a moedas emergentes, e o índice Bovespa caiu 2,1% em resposta ao possível impacto sobre a balança comercial brasileira.
Redação São Paulo TV Broadcasting – cobertura internacional contínua.
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