
Tragédia e heroísmo no Monte Rinjani
Por Bene Corrêa | Da Redação da São Paulo TV Broadcasting
Com informações do Portal Terra e agências internacionais
Quem é o alpinista que arriscou a própria vida para tentar salvar a brasileira morta na Indonésia?
A comoção internacional causada pela trágica morte da brasileira Juliana Marins, que passou quatro dias isolada e ferida em um penhasco no Monte Rinjani, na Indonésia, escancarou falhas graves no sistema de resgate local, mas também revelou um rosto humano, corajoso e solidário: o do alpinista Agam, que arriscou tudo para tentar salvá-la.
Juliana, de 36 anos, natural do Rio de Janeiro, viajava pela Ásia praticando ecoturismo e escaladas em destinos exuberantes e perigosos. No entanto, o que seria mais uma aventura se transformou em uma tragédia. Ela escorregou e caiu de uma altura de cerca de 150 metros durante uma trilha no Monte Rinjani, a segunda montanha mais alta da Indonésia e um dos destinos mais procurados por alpinistas na ilha de Lombok.
Ferida e sem forças para se locomover, Juliana sobreviveu à queda, mas não sobreviveu à espera por socorro. Foram quatro dias à beira de um abismo, com frio intenso, fome e sede. O resgate oficial só foi acionado horas depois do acidente — e demorou dias para ser efetivado. As autoridades indonésias, segundo denúncias de amigos e familiares, demoraram a agir. A empresa responsável pelo passeio, cujos detalhes ainda estão sendo apurados, também é alvo de críticas e possíveis investigações.
Quem é Agam, o herói improvável?
Enquanto as autoridades debatiam e os trâmites se arrastavam, uma rede de voluntários se mobilizou. E no centro desse esforço estava um homem simples, corajoso e movido por compaixão: Agam, montanhista experiente nascido em Makassar, capital da província de Sulawesi do Sul, na Indonésia.
Conhecido na região por liderar expedições e atuar como guia local em trilhas de alto risco, Agam acompanhava os acontecimentos pelas redes sociais e, ao perceber a gravidade da situação e a lentidão da operação oficial, decidiu agir por conta própria. Convocou amigos, reuniu equipamentos e formou uma pequena equipe de resgate improvisada.
“Um cigarro na boca, uma mochila nas costas, e uma coragem que muitos não tiveram. A Juliana sobreviveu à queda, mas não sobreviveu à espera. Agam, o Brasil te agradece”, escreveu um internauta no Instagram do alpinista.
Agam não conhecia Juliana, mas isso não o impediu de enfrentar temperaturas abaixo de zero, trilhas perigosas e desfiladeiros íngremes para tentar salvá-la. Quando chegou ao local, era tarde demais. Juliana já havia falecido. Ainda assim, Agam não abandonou sua missão: passou toda a madrugada junto ao corpo, em meio ao nevoeiro e ao frio intenso, à beira de um penhasco de 590 metros de profundidade, usando âncoras para evitar uma nova queda, aguardando o amanhecer para ajudar na remoção do corpo.
Foram mais de 15 horas de trabalho árduo entre a remoção no Monte Rinjani e a chegada do corpo ao hospital local.
“Meus sentimentos pela morte da montanhista brasileira. Não pude fazer muito, só consegui ajudar desta forma. Que suas boas ações sejam aceitas por Deus. Amém!”, declarou Agam em suas redes sociais.
Comoção nas redes e cobrança por respostas
A morte de Juliana gerou indignação em todo o Brasil. Nas redes sociais, milhares de internautas questionaram a demora no resgate, cobraram ações do Itamaraty e exigiram esclarecimentos das autoridades indonésias. Familiares e amigos pedem justiça e responsabilização dos envolvidos na condução da tragédia.
Enquanto isso, Agam tornou-se um símbolo de humanidade. Dezenas de brasileiros escreveram mensagens de apoio, alguns oferecendo ajuda financeira e até propondo homenagens oficiais.
“Ainda temos pessoas muito boas no mundo”, resumiu uma seguidora.
E agora?
O Itamaraty informou que acompanha o caso por meio da Embaixada do Brasil na Indonésia e que presta assistência à família. Já o governo indonésio, até o momento, não se pronunciou oficialmente sobre as críticas à operação de resgate. Entidades internacionais de montanhismo e turismo de aventura também estão debatendo medidas de segurança para trilhas e expedições em áreas de risco elevado.
A história de Juliana se encerrou de forma trágica. Mas, nas palavras e ações de um homem chamado Agam, ela também deixou como legado uma lição de coragem, solidariedade e humanidade.
📌 Edição: Bene Corrêa
📺 Redação São Paulo TV Broadcasting – compromisso com a informação que transforma.
🌐 Acompanhe mais atualizações em: www.saopaulotvbroadcasting.com.br