
Saúde dos olhos na era digital: excesso de telas provoca danos silenciosos à visão -Entrevista exclusiva com o oftalmologista Dr. Gabriel Castro aborda os perigos do uso prolongado de celulares, computadores e tablets – e como proteger a saúde ocular
📍 Por Bene Correa e Beatriz Ciglioni – Da Redação São Paulo TV Broadcasting
Após o alerta sobre a catarata como principal causa de cegueira reversível, o renomado oftalmologista Dr. Gabriel Castro retorna à São Paulo TV para um novo alerta: os riscos invisíveis do excesso de tempo diante das telas. Em um mundo cada vez mais digital, crianças, jovens e adultos passam horas conectados a celulares, tablets, notebooks e televisores – e a saúde dos olhos está pagando o preço.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, até 2050, metade da população global pode ser míope, e o uso excessivo de dispositivos digitais é apontado como um dos fatores principais.

Nesta entrevista, Dr. Gabriel explica os efeitos dessa exposição e dá dicas valiosas de prevenção e cuidados.
SPTV – Dr. Gabriel, o que acontece com os olhos quando passamos muitas horas em frente às telas?
Dr. Gabriel Castro: Quando passamos longos períodos diante de telas, nossos olhos ficam expostos à luz azul artificial, que pode provocar fadiga ocular digital – também chamada de síndrome da visão de computador. O piscar diminui significativamente, o que reduz a lubrificação dos olhos e causa ressecamento, ardência, visão borrada e dor de cabeça. A acomodação contínua da visão de perto, sem intervalos, pode ainda contribuir para o desenvolvimento da miopia, especialmente em crianças e adolescentes.
SPTV – Existe algum impacto a longo prazo na visão?
Dr. Gabriel Castro: Sim. Além do aumento de casos de miopia precoce, observamos um crescimento nos quadros de olho seco crônico e piora da qualidade do sono. A exposição noturna à luz azul inibe a produção de melatonina, o hormônio que regula o sono, afetando o descanso e a regeneração do corpo. Há também indícios de que o uso exagerado de telas possa acelerar o surgimento de doenças como degeneração macular relacionada à idade.
SPTV – O que os pais precisam saber sobre os riscos para as crianças?
Dr. Gabriel Castro: O olho da criança ainda está em formação. Quando ela passa horas em ambientes fechados, com pouca exposição à luz natural e muito tempo em celulares e tablets, o risco de desenvolver miopia aumenta. A recomendação da OMS é clara: nada de telas para menores de 2 anos, e para crianças entre 2 e 5 anos, no máximo 1 hora por dia, sempre com supervisão. Além disso, incentivamos atividades ao ar livre, que ajudam a proteger a saúde ocular.
SPTV – Existe alguma regra prática para evitar o cansaço visual no dia a dia?
Dr. Gabriel Castro: Sim, uma regra simples e muito eficaz é a regra 20-20-20: a cada 20 minutos em frente a uma tela, olhe para algo a 20 pés de distância (cerca de 6 metros), por 20 segundos. Isso ajuda a relaxar o músculo ciliar e reduz a fadiga ocular. Outra dica é manter a tela a pelo menos 40 cm de distância dos olhos, ajustar o brilho e evitar o uso no escuro.
SPTV – Quais são os principais sinais de que algo está errado com a visão por uso de telas?
Dr. Gabriel Castro: Os sinais mais comuns são: visão embaçada no fim do dia, olhos vermelhos ou ardendo, dor de cabeça, sensação de peso ao piscar e até insônia. Se algum desses sintomas for frequente, é necessário procurar um oftalmologista. O diagnóstico precoce pode evitar complicações.
SPTV – Há algum tratamento ou recomendação para casos mais avançados?
Dr. Gabriel Castro: Em muitos casos, o tratamento consiste em interromper o uso prolongado, ajustar a ergonomia do trabalho e usar colírios lubrificantes. Em situações mais sérias, podemos recomendar o uso de óculos com filtro de luz azul, acompanhamento mais frequente e, em crianças, o uso de lentes específicas para controlar a progressão da miopia.
SPTV – O sistema público também está preparado para atender essa nova demanda digital?
Dr. Gabriel Castro: Sim. O SUS já realiza exames oftalmológicos e triagens visuais, especialmente em campanhas escolares e mutirões. A prefeitura de São Paulo tem realizado convênios para atendimento à essas demandas. É importante que as UBSs recebam cada vez mais apoio para identificar esses sintomas e encaminhar para especialistas. Estamos vivendo uma revolução nos hábitos e a saúde pública precisa acompanhar.
SPTV – E qual a sua mensagem final ao nosso público, em especial os que vivem conectados?
Dr. Gabriel Castro: A tecnologia é uma aliada, mas não pode ser inimiga da saúde. Olhos cansados, secos e visão embaçada não devem ser ignorados. Adotar pausas, estimular atividades ao ar livre e fazer exames oftalmológicos regularmente é essencial. Cuidar dos olhos é também cuidar da mente, do sono, da produtividade e da qualidade de vida.
📌 Sobre o especialista:
Sobre o especialista:
Dr. Gabriel Castro é médico oftalmologista, diretor técnico da Lumiata Oftalmologia e da Galilei Cirurgia. É graduado em Medicina pela Universidade Federal de Uberlândia, com Residência em Oftalmologia pela USP. Especialista em Catarata e Plástica Ocular pela Universidade de São Paulo, tem ainda estágio internacional em Catarata e Fixação de Lente Intraocular pela Yokohama City University (Japão). Também atua como assistente cirúrgico da Unifesp.
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