
Relatório da ONU revela que 50 mi de brasileiros não conseguem se alimentar de forma saudável
Da redação da São Paulo jornalista Bene Correa com informações do UOL
Relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura apontou que o Brasil saiu do mapa fome após quatro anos.
Porém, o mesmo documento revela que o Brasil tinha no ano passado, 50,2 mi de pessoas não tinham dinheiro suficiente para comprar uma alimentação saudável. O número representa 23,7% da população brasileira.
A FAO define como uma dieta saudável aquela que atende às necessidades nutricionais do corpo de forma equilibrada e diversificada, promovendo a saúde e o bem-estar.
Para isto é necessário o consumo de diferentes alimentos, como frutas, verduras, grãos, proteínas e fontes de gorduras saudáveis. Inclui ainda limitação no consumo de alimentos processados, açúcares e gorduras saturadas.
Para a FAO, uma dieta saudável é aquela que atende as necessidades nutricionais do corpo de forma equilibrada e diversificada, promovendo a saúde e o bem-estar. Isso envolve o consumo diversificado de alimentos, o que inclui frutas, verduras, grãos, proteínas e fontes de gorduras saudáveis, além de uma limitação no consumo de alimentos processados, açúcares e gorduras saturadas.
Situação na América do Sul
Na comparação com nosso vizinhos, a média percentual do Brasil é levemente inferior. De uma forma em geral, o índice da América do Sul em 2024 ficou em 25,7%.
O país sul-americano que teve a maior média foi o Chile, com 40,2% da população com dificuldade de adquirir alimentos saudáveis. Já na Guiana, o índice foi de apenas 4,9% da população. O documento não traz informações sobre a Argentina e a Venezuela.
No Brasil, o percentual registrado é o menor nos últimos anos e variou antes para cima e para baixo, alcançando o ápice em 2021, ainda na pandemia de covid-19.
Proporção de pessoas sem condições de bancar dieta saudável:
2017 – 27,1%
2019 – 26%
2021 – 29,8%
2023 – 24,1%
2024 – 23,7%
Insegurança alimentar
Segundo o relatório da FAO, entre os anos de 2022 e 2024, a prevalência de insegurança alimentar grave na população atingiu 3,4% da população, o que representa 7,1 mi de pessoas.
O índice é quase cinco vezes maior que o patamar registrado entre 2014 e 2016, que foi de 0,7% da população ,ou 1,5 milhão de pessoas.
A insegurança alimentar grave ocorre quando a falta de recursos obriga famílias a reduzirem a quantidade dos alimentos, o que dificulta o acesso à comida e faz pessoas passarem fome por horas ou dias.
Diminuição da fome
A FAO informou que o Brasil deixou de aparecer no mapa da fome porque, em 2024, a taxa foi inferior a 2,5% da população. Este é o índice que define se um país está ou não no mapa da fome.
Na América Latina, a taxa é de 5,1%, contra uma média mundial de 8,2%.
A dificuldade de comer bem está diretamente relacionada ao custo estipulado pelo Brasil para que uma pessoa consiga comprar alimentos.
Em 2024, o brasileiro precisava em média de US$ 4,69, cerca de R$ 26,20, para ter uma alimentação saudável. O valor é 48% maior que em 2017, quando eram necessários US$ 3,15, cerca de R$ 17,60.
Num cálculo de 30 dias, com base no valor de 2024 para comer saudavelmente, cada brasileiro teria que gastar R$ 786, valor maior que o valor base mensal do Bolsa Família, que é de R$ 600 ao mês.
Custo de uma dieta diária saudável por pessoa (em dólares):
2017 – US$ 3,15
2019 – US$ 3,39
2021 – US$ 3,97
2023 – US$ 4,55
2024 – US$ 4,69
Fome e políticas econômica e fiscal
Sobre esse aumento dos preços, o relatório faz uma advertência ao Brasil de que a interação entre as políticas fiscais e monetárias afeta os valores dos alimentos em todos os países.
“No início do período inflacionário, os países de baixa e média renda, especialmente aqueles que dependem da importação de commodities, estavam entre os primeiros a responder às preocupações com a inflação aumentando as taxas de juros. Isso foi impulsionado por rápidos aumentos nos preços dos alimentos, indexação entre salários e preços e expectativas de inflação menos ancoradas. Países como Brasil, Chile e México lideraram o ciclo de aperto monetário”, diz o relatório.
O documento aponta comio solução uma combinação de medidas políticas para enfrentar a inflação dos alimentos, entre elas:
- Políticas fiscais direcionadas e com prazo definido, como programas de proteção social para proteger famílias vulneráveis;
- Políticas monetárias críveis e transparentes para conter a inflação;
- Investimentos estratégicos em pesquisa e desenvolvimento agroalimentar, infraestrutura de transporte e produção, e sistemas de informação de mercado para melhorar a produtividade e a resiliência.