
Preços do barril de petróleo disparam após ataque dos EUA ao Irã
Da redação da São Paulo Tv Bene Correa com informações da Folha de São Paulo
O palco da guerra envolvendo Israel, Irã e agora os Estados Unidos, está a milhares de quilômetros do Brasil, mas seus reflexos podem atingir em breve o bolso do brasileiro.
Num mundo globalizado, o que ocorre do outro lado do mundo, de uma forma ou de outra, mais cedo ou mais tarde, acaba refletindo no nosso cotidiano, na nossa economia. E uma das primeiras consequências é alta do preço do petróleo, que reflete no custo da gasolina e outros mercados de energia.
Logo após os Estados Unidos bombardearem as instalações nucleares do Irã, neste domingo (22), os preços do petróleo dispararam para o nível mais alto em cinco meses.
E a situação poderá se agravar, com o aumento da probabilidade de que Teerã responda atacando infraestruturas energéticas na região ou embarcações no estreito de Hormuz.
Alta do preço
Em Londres, quando as negociações começaram na noite deste domingo, o petróleo Brent, que é referência internacional, aumentou até 5,7%, elevando o preço do barril para US$ 80.
Porém, aos poucos o reajuste foi reduzido para cerca de 3%, chegando a US$ 79. O equivalente americano West Texas Intermediate subiu em margem semelhante para US$ 76,83.
Analistas de mercado avaliam que o teto de aumento do preço do petróleo durante a semana vai depender de como o país ou seus representantes, como os Houthis, escolherão retaliar os ataques..
Jorge León, chefe de análise geopolítica da consultoria de energia Rystad, disse que “uma clara linha vermelha foi cruzada”, observando que os bombardeios do fim de semana marcaram a primeira vez que os Estados Unidos atacaram diretamente o território iraniano.
- “Em um cenário extremo onde o Irã responde com ataques diretos ou visa infraestruturas petrolíferas regionais, os preços do petróleo dispararão drasticamente. Mesmo na ausência de retaliação imediata, os mercados provavelmente precificarão um prêmio de risco geopolítico mais alto”, afirmou León.
Reflexo na economia mundial
Os preços do petróleo já subiram cerca de 14% desde que Israel lançou seu primeiro ataque surpresa ao Irã há 10 dias. A alta nos preços do petróleo provavelmente se estenderá para outros mercados de energia, como a gasolina, o que poderia provocar uma nova onda de inflação em todo o mundo.
A entrada dos Estados Unidos na guerra, no entanto, lançou “uma nova camada de volatilidade nos mercados de energia”, deixando os operadores aguardando “o próximo movimento de Teerã”, disse León.
O presidente americano Donald Trump advertiu o Irã sobre novos ataques, se Teerã não “fizer as pazes”. Mas a república islâmica já havia prometido anteriormente retaliar, caso os americanos se envolvessem.
Apoiadores do regime iraniano já pedem retaliação, com o influente editor do jornal Kayhan exigindo que o país ataque a frota naval dos EUA no Golfo e impeça navios ocidentais de passar pelo estreito de Hormuz.
Cerca de 30% do fornecimento mundial de petróleo transportado por mar passa diariamente por essa estreita via navegável que separa o Irã dos estados do Golfo, e qualquer ataque a embarcações no estreito fariam os preços de energia dispararem imediatamente.
O Irã já ameaçou fechar o estreito, embora analistas acreditem que o país teria dificuldades para bloquear completamente a via navegável devido à presença da Quinta Frota da Marinha dos Estados Unidos no Bahrein.