Da Redação da São Paulo TV Fonte: O Estado de S. Paulo, reportagem de Bianca Gomes.
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São Paulo, 30 de março de 2025 – Uma pesquisa qualitativa realizada pelo Instituto Travessia e divulgada pelo jornal O Estado de S. Paulo revela que eleitores tanto de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quanto de Jair Bolsonaro (PL) demonstram arrependimento por suas escolhas nas eleições de 2022. A reportagem assinada pela jornalista Bianca Gomes expõe os principais motivos que levaram esses cidadãos a repensar seu voto, desde a alta da inflação até questões de caráter político e pessoal dos ex-candidatos.
O estudo reuniu um grupo focal composto por dez eleitores paulistanos, sendo cinco ex-eleitores de Lula e cinco de Bolsonaro. A principal queixa dos que votaram no atual presidente é a inflação elevada, que impacta diretamente o custo de vida, especialmente no preço dos alimentos. Já os ex-eleitores de Bolsonaro apontam o uso da máquina pública para benefício pessoal e a tentativa de golpe de Estado como os fatores determinantes para sua decepção.
O que incomoda os ex-lulistas?
Para os eleitores que votaram em Lula em 2022, a insatisfação é motivada pela dificuldade financeira enfrentada no dia a dia. O alto preço dos alimentos é o maior problema relatado, seguido pela percepção de que os salários não acompanham a inflação. Além disso, muitos se sentem traídos por um presidente que, segundo eles, se aproximou do Centrão e da direita, distanciando-se das pautas progressistas que o elegeram.
Outra questão levantada foi a falta de identidade do governo com políticas públicas marcantes. Quando questionados sobre um projeto de destaque da atual administração, os entrevistados demoraram a lembrar do programa Pé-de-Meia, voltado para estudantes.
Por que os ex-bolsonaristas se arrependem?
Entre os eleitores que votaram em Bolsonaro, os principais fatores de arrependimento foram o envolvimento do ex-presidente com escândalos envolvendo sua família, a tentativa de golpe em 2022 e a condução da pandemia de Covid-19. A postura agressiva e radical também foi citada como um dos elementos que levaram esses eleitores a se afastarem do ex-presidente.
Outro aspecto negativo apontado foi o foco exagerado de Bolsonaro na pauta armamentista, o que desagradou até mesmo eleitores evangélicos. Além disso, sua condução das relações internacionais e o isolamento diplomático do Brasil foram fatores de crítica.
O que esperar para 2026?
O estudo indica que a eleição de 2026 ainda não está no radar da maioria dos entrevistados. Mesmo assim, há uma busca por novas lideranças, principalmente da centro-direita. Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, aparece como um nome conhecido, embora sua administração seja avaliada como mediana. Já Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama, desperta mais simpatia do que Eduardo Bolsonaro, considerado um reflexo do pai.
Do lado do governo atual, Fernando Haddad e Geraldo Alckmin foram mencionados como possíveis sucessores, mas sem grande entusiasmo.
A pesquisa demonstra uma mudança no cenário eleitoral brasileiro, indicando que tanto Lula quanto Bolsonaro podem enfrentar dificuldades para manter sua base de eleitores nas próximas eleições. Com um eleitorado cada vez mais insatisfeito e em busca de alternativas, o pleito de 2026 pode ser marcado pelo surgimento de novas lideranças e pelo enfraquecimento das polarizações que dominaram as últimas eleições.
Fonte: O Estado de S. Paulo, reportagem de Bianca Gomes.