Da Redação da São Paulo Tv Brasília foto Agencia Brasil
O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, deve ir ao Congresso Nacional nesta terça-feira (29) para falar sobre descontos sem autorização nos benefícios de aposentados.
A reunião será na Comissão de Previdência e Assistência Social da Câmara e está marcada para começar às 14h. Inicialmente, o encontro tinha como objetivo debater as ações da pasta. Mas com as denúncias de irregularidades, a crise envolvendo o Instituto virou o principal foco da sessão.
Nesta segunda-feira, o ministro Carlos Lupi negou omissão na fraude que desviou mais de R$ 6 bi das contas de aposentados e pensionistas. Segundo ele, as irregularidades são herança de governos anteriores, e que sempre tomou providências para combater fraudes.
Lupi pode deixar o governo para preservar imagem do Governo
Apesar de negar omissão, o ministro balança no cargo e pode ser demitido. Auxiliares do presidente Lula defendem a saída do ministro para preservar a imagem do governo. Por outro lado, o PDT, partido de Lupi, ameaça deixar a base aliada do governo, caso o ministro seja demitido ou deixe o cargo. Com isso, ameaça tirar o apoio da bancada no Congresso, que conta com 17 senadores e três deputado.
Oposição quer instalar CPI
Aproveitando o escândalo, a oposição trabalha para emplacar uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar as denúncias envolvendo o INSS. A intenção é protocolar o pedido de CPI logo após o feriado prolongado de primeiro de maio. A investigação aponta que o esquema contava com um lobista em Brasília. Segundo a PF, Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, abordava servidores da Previdência Social para conseguir dados dos aposentados. Camilo Antunes teria recebido quase R$ 12 mi da associação investigada no esquema. As informações eram respassadas para a AMBEC, a Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos, que fica em São Paulo. Em três anos, a arrecadação da entidade passou de R$ 135,00 para R$ 91 mi.
Segundo o Ministério Público, a AMBEC é ligada ao empresário Maurício Camisotti, que usou parentes como laranjas para desviar o dinheiro. A associação chegou a ter como presidente uma mulher de 63 anos de idade, que trabalhou como faxineira em uma das empresas de Camisotti. A Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos nega irregularidades.
PF apreendeu mais de R$ 40 mi em bens
Segundo balanço da PF, a quadrilha por trás dos descontos ilegais teria movimentado mais de R$ 40 mi em bens apreendidos. A lista inclui 61 veículos de luxo, avaliados em quase 35 milhões de reais e 141 joias estimadas em R$ 700 mil, além de R$ 1,2 mi em espécie.
O esquema veio à tona na semana passada e levou à exoneração do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto. Uma ata da reunião do Conselho Nacional da Previdência mostra que o ministro Carlos Lupi foi alertado há quase 2 anos sobre o problema. Em junho de 2023, a ex-conselheira do INSS, Tônia Galetti, pediu informações ao observar o aumento no número de benefícios com descontos e também a elevação de reclamações feitas por beneficiários. Apesar das evidências, Lupi teria levado quase um ano para tomar providências. Quanto à devolução dos valores roubados dos aposentados, o INSS promete apresentar um plano de devolução, mas sem data definida.