
Extrema direita americana critica Papa Leão 14
Da redação da São Paulo Tv – com informações do G1
Logo após a apresentação do novo Papa na Praça São Pedro, no Vaticano, integrantes do movimento “Faça a América Grande Outra Vez” foram às redes sociais criticar a postura do líder da Igreja Católica em defesa dos imigrantes.
Laura Loomer, ativista de extrema direita, que costuma atuar como conselheira informal de Trump, informou aos seus seguidores que o novo Papa apoia imigrantes ilegais e fronteiras abertas.
“Ele (o papa) retuitou tweets em apoio aos ‘sonhadores’, também conhecidos como imigrantes ilegais, e atacou o uso da expressão ‘homens maus’ pelo presidente Trump para descrever imigrantes ilegais violentos. Ele considera a expressão ‘racista'”, afirmou Loomer.
Leão 14 e Trump antagônicos
Robert Prevost, que adotou o nome Leão 14 assim que deixou a Capela Sistina, é o primeiro Papa imigrante da história e possui dupla cidadania. É cidadão dos Estados Unidos e também do Peru, país em que atuou como sacerdote e solicitou naturalização. Em seu primeiro pronunciamento como Papa, Leão demonstrou seu apreço pelo país que adotou, falando em espanhol e em nenhum momento em inglês.
Conhecedor da realidade sul-americana, o novo Papa possui posições bem diferentes defendidas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tal como o antecessor Papa Francisco. E isto fica bem claro na questão do combate à imigração, uma das bandeiras e prioridades do presidente norte-americano.
Críticas ao vice Vance
Em fevereiro, Prevost criticou nas redes sociais o vice-presidente dos EUA, católico convertido há seis anos. “JD Vance está errado. Jesus não pede para classificarmos nosso amor pelos outros.”, escreveu o então cardeal. Ele referia-se a uma entrevista do vice de Trump na qual justificava, com uma falsa interpretação teológica, a repressão aos imigrantes ilegais. “Existe um conceito cristão de que você ama sua família, depois ama seu próximo, depois ama sua comunidade, depois ama seus concidadãos e, depois disso, prioriza o resto do mundo. Boa parte da extrema esquerda inverteu isso completamente”, considerou Vance.
Igreja dos EUA polarizada
Dias antes do início do conclave, a Casa Branca postou uma foto de Trump vestido de Papa e o presidente anunciou a preferência pelo cardeal Timothy Dolan, de Nova York, como papa, e foi criticado por tentar interferir no processo eleitoral. Tal como o clima político norte-americano, a Igreja Católica nos EUA também está polarizada. Durante seu Pontificado, o Papa Francisco foi alvo de fortes críticas dos religiosos conservadores dos Estados Unidos. No entanto, logo após o fim do conclave, Trump apressou-se em elogiar a escolha dizendo que a eleição de Leão 14 é uma honra para o país pelo fato de ser o primeiro Papa americano, mas sem citar especificamente a postura de Prevost e seu trabalho como sacerdote.
Relação entre Trump e Leão 14
Aliado próximo do Papa Francisco, Prevost foi promovido há dois ao posto de cardeal e logo em seguida convocado para presidir a Pontifícia Comissão para a América Latina e comandar o Dicastério para os Bispos, instituição poderosa da Igreja responsável pela organização e nomeação dos bispos, além de questões relacionadas às dioceses. A proximidade com Francisco ficou clara logo nas primeiras palavras como Leão 14, quando o novo Papa citou várias vezes o antecessor e ressaltou que buscará uma “Igreja missionária, que constrói pontes e diálogos”. Ainda é cedo, mas pelas primeiras declarações e sinalizações, o cenário é de que a relação entre Trump e o Vaticano vai continuar conturbada.