
EUA e China anunciam trégua de 90 dias e reduzem tarifas: alívio temporário na guerra comercial
Por Redação | São Paulo TV
📅 12/05/2025 | 06h51 — Atualizado às 07h26 fonte internacional e Estadão e Foto: Jean-Christophe Bott/Keystone via AP
As duas maiores economias do planeta decidiram dar uma pausa estratégica em sua prolongada guerra comercial. Em anúncio feito nesta segunda-feira (12), representantes dos Estados Unidos e da China informaram que chegaram a um acordo para suspender parcialmente as tarifas de importação por 90 dias, reabrindo espaço para negociações mais amplas nos próximos meses.
O representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer, e o Secretário do Tesouro, Scott Bessent, revelaram os termos do acordo em uma coletiva de imprensa em Genebra, Suíça. Segundo eles, os Estados Unidos reduzirão a tarifa sobre produtos chineses de 145% para 30%, enquanto a China baixará sua taxa sobre produtos americanos de 125% para 10%.
“O consenso de ambas as delegações neste fim de semana é que nenhum dos lados quer um desacoplamento”, afirmou Bessent. “O que estava ocorrendo com essas tarifas muito altas era, na prática, um embargo. E nenhum dos lados deseja isso. Queremos comércio. Queremos equilíbrio.”
A decisão de suspender as tarifas — que, até então, funcionavam como barreiras quase intransponíveis — foi bem recebida pelos mercados financeiros globais. O índice S&P 500 subiu 2,6% e o Dow Jones, 2%, enquanto o preço do petróleo avançou mais de US$ 1,60 por barril. O dólar também se fortaleceu frente ao euro e ao iene.
Na Ásia, o índice Hang Seng, de Hong Kong, disparou quase 3%, enquanto as bolsas europeias também registraram alta. A trégua trouxe um sopro de otimismo após meses de incertezas que impactaram cadeias de suprimento e decisões de investimento.
“Interesses comuns do mundo”
Do lado chinês, o Ministério do Comércio declarou que o acordo é um “passo importante” para a resolução das divergências comerciais. Em nota oficial, afirmou que a medida atende às expectativas de produtores e consumidores dos dois países, além de servir aos interesses comuns do mundo.
A China reforçou ainda que espera uma postura mais cooperativa dos Estados Unidos e pediu o fim da “prática errônea de aumentos tarifários unilaterais”.
Histórico de tensão
O acordo anunciado hoje representa uma inflexão significativa na política comercial americana. No mês passado, o presidente Donald Trump havia elevado as tarifas de importação sobre produtos chineses para 145%, como forma de pressão. Em resposta, Pequim impôs uma tarifa de 125% sobre itens norte-americanos, aprofundando um impasse iniciado ainda no primeiro mandato de Trump.
A guerra comercial entre os dois países já afetava um volume de comércio superior a US$ 660 bilhões por ano. Além de produtos industrializados, estavam na lista itens agrícolas, eletrônicos, semicondutores e até medicamentos.
Cautela no horizonte
Apesar do alívio inicial, o acordo é temporário e carrega incertezas. Segundo Jens Eskelund, presidente da Câmara de Comércio da União Europeia na China, é essencial que a suspensão de 90 dias sirva como base para um entendimento duradouro:
“As empresas precisam de previsibilidade para manter operações normais e tomar decisões de investimento. Esperamos que ambos os lados evitem novas medidas unilaterais e mantenham o diálogo.”
A trégua pode ter reflexos importantes também para países como o Brasil, que dependem do equilíbrio nas relações comerciais globais para exportar commodities, equipamentos e alimentos. Uma escalada de tarifas poderia prejudicar diretamente setores do agronegócio, da indústria e da tecnologia.
Por ora, investidores e governos ao redor do mundo respiram aliviados. Mas todos os olhos continuam voltados para Washington e Pequim: o futuro do comércio global segue em aberto.
📰 Redação São Paulo TV
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