
EUA decidem facilitar exportação de tecnologia para a China em troca de acordo comercial
Da redação da São Paulo Tv Broadcasting jornalista Bene Correa
O governo dos Estados Unidos decidiu suspender as restrições impostas às exportações de produtos de tecnologia para a China, com o objetivo de concluir um acordo comercial entre os dois países. A informação foi publicada pelo jornal Financial Times.
De acordo com o FT, a medida faz parte dos esforços do presidente Donald Trump em garantir um encontro com o presidente Xi Jinping ainda este ano.
Ainda segundo o jornal, o Departamento de Comércio, responsável pela supervisão dos controles de exportação, foi instruído nos últimos meses a evitar medidas rígidas contra a China.
A reportagem revela que desde que tomou posse neste segundo mandato, Trump vinha restringindo as exportações de tecnologia para a China.
O governo norte-americano chegou a informar a gigante da tecnologia Nvidia que bloquearia a exportação do chip H20, projetado para o mercado chinês, após o governo Biden ter restringido chips mais avançados.
No entanto, Trump voltou atrás após conversas com o CEO da Nvidia, Jensen Huang. Neste mês, a empresa anunciou que retomaria as vendas de suas unidades de H20 para a China.
Interesse nas terras raras e imãs
A retomada da exportação faz parte da estratégia adotada pelo governo dos EUA nas negociações sobre terras raras e ímãs, segundo o secretário de Comércio, Howard Lutnick.
No entanto, o FT apurou que 20 especialistas em segurança e ex-funcionários, incluindo o ex-vice-conselheiro de segurança nacional dos EUA Matt Pottinger, planejam manifestar preocupação com a decisão nesta segunda-feira.
“Essa medida representa um erro estratégico que coloca em risco a vantagem econômica e militar dos Estados Unidos na área de inteligência artificial”, escreveram eles na carta, segundo o Financial Times.
Trégua de 90 dias
Estados Unidos e China negociaram uma trégua tarifária por mais 90 dias, de acordo com o jornal chinês “South China Morning Post”.
Ainda segundo o jornal chinês, as duas nações se comprometeram a não impor tarifas adicionais uma à outra, nem intensificar a guerra comercial por outros meios.
Fontes ouvidas na reportagem disseram que a delegação chinesa vai pressionar a equipe comercial de Trump sobre as tarifas relacionadas ao fentanil.
O presidente Donald Trump impôs uma taxa adicional de 20% sobre as importações chinesas, em março, alegando que o goveno chinês não havia feito o suficiente para interromper o fluxo da droga para o território norte-americano.
Uma das fontes ouvidas disse que Pequim pode aceitar uma tarifa básica de 10% sobre todas as importações se as taxas adicionais forem suspensas.
Ao chegar à reunião com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, na Escócia, Donald Trump disse que os dois países estão perto de fechar um acordo:
Acordo dos dois países
No dia 12 de maio, os Estados Unidos e a China concordaram em reduzir temporariamente as chamadas “tarifas recíprocas” entre os dois países durante 90 dias.
- As tarifas dos EUA sobre as importações chinesas caíram de 145% para 30%.
- Já as taxas da China sobre os produtos americanos foram reduzidas de 125% para 10%.
No entanto, cerca de duas semanas depois, Trump acusou a China numa uma publicação em sua rede Truth Social:
“A má notícia é que a China, talvez sem surpresa para alguns, VIOLOU TOTALMENTE SEU ACORDO CONOSCO”, postou o presidente.
Horas depois do post, a China divulgou um comunicado por meio de sua embaixada em Washington pedindo para que os Estados Unidos acabem com as “restrições discriminatórias” contra Pequim e que os dois lados “mantenham conjuntamente o consenso alcançado nas negociações de alto nível em Genebra”.
“Desde as negociações econômicas e comerciais entre a China e os EUA em Genebra, ambos os lados têm mantido comunicação sobre suas respectivas preocupações nos campos econômico e comercial em várias ocasiões bilaterais e multilaterais em vários níveis”, disse o porta-voz da embaixada, Liu Pengyu.
Desde que anunciou um ‘tarifaço’ com o objetivo de reduzir o déficit comercial dos EUA, Trump passou a receber várias críticas internas. E a forte queda de braço com o governo chinês antes das negociações só piorou a situação.