
Desfossilizar já!
Artigo *José Renato Nalini

A palavra mais utilizada para aqueles que se convenceram de que o aquecimento global é a mais grave ameaça a pairar sobre a Humanidade é descarbonização. Com isso, pretende-se reduzir e, se possível, eliminar a emissão dos gases venenosos causadores do efeito-estufa. Esta a causa do aquecimento global que gera emergências climáticas desastrosas para o planeta.
Só que a palavra correta a ser utilizada é “desfossilização”. Pois nem todo o carbono é nocivo. Nosso corpo é composto de carbono. Se prodigalizarmos o uso desse verbete, a rigor, estaremos incluídos no processo de extinção.
O que o mundo precisa é reduzir a utilização dos combustíveis fósseis. Eles prestaram enorme serviço à espécie. Mas está na hora de substituí-los por energia limpa. O Brasil é bem-aventurado no setor. Há muito dispõe do etanol, que é menos poluente do que a gasolina e o venenoso diesel. Agora já se pode falar em eletrificação, a energia que garantirá o ideal do “Net Zero”, outra expressão de que se servem os especialistas para mostrar o que temos de fazer para sobreviver.
Também se acena com o biometano, gás não fóssil extraível de resíduos orgânicos e que os especialistas garantem pode substituir com vantagem a gasolina e o diesel. Também está no horizonte o hidrogênio, promissor e seguro, mas ainda a carecer de maiores estudos até atingir a maturidade.
Enfim, desfossilizar é o compromisso mais sério que o Poder Público e a iniciativa privada podem celebrar para que as novas gerações usufruam do insubstituível direito de levar uma vida saudável e digna no planeta Terra.
Conscientizar todas as pessoas desta realidade é a missão da cidadania empenhada em garantir a continuidade da existência humana sem o risco não remoto de sua eliminação, se continuarmos na insensatez ainda preponderante.
*José Renato Nalini é Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.