
Brasil e França ampliam cooperação militar com avanço decisivo na construção do submarino nuclear brasileiro
Por Redação São Paulo TV – Fonte o Estado de São Paulo
O Brasil deu um passo estratégico na consolidação de sua soberania marítima e na modernização de sua defesa naval. Em uma visita oficial à França, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o comandante da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen, integram a comitiva que visita a base naval de Toulon e a sede do Naval Group, empresa francesa parceira no ambicioso Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub). Na ocasião, será assinado o contrato para aquisição das chapas metálicas que comporão o casco resistente do primeiro submarino de propulsão nuclear brasileiro: o Álvaro Alberto.
A parceria entre Brasil e França, firmada em 2008, representa um marco inédito: o primeiro submarino nuclear do mundo a ser construído por um país sem armas atômicas. O SNCA Álvaro Alberto é visto como peça-chave na proteção da chamada Amazônia Azul – o imenso território marítimo brasileiro rico em biodiversidade, petróleo, gás e recursos minerais estratégicos.
“Estamos reafirmando nossa capacidade técnica, nossa soberania e nossa vocação para o desenvolvimento industrial de defesa. É mais do que um submarino: é a afirmação do Brasil no cenário geopolítico global”, declarou o presidente Lula.
Prosub: da engenharia à estratégia
O Prosub prevê a construção de quatro submarinos convencionais e um nuclear. Dois já estão em operação – Riachuelo e Humaitá. O terceiro, Tonelero (S-42), foi lançado em 2024 com presença de Lula, Janja e o presidente francês Emmanuel Macron, e tem previsão de entrega ainda em 2025. O quarto, Almirante Karam (S-43), deverá ser lançado no próximo ano, com entrega prevista para 2026.
A construção do submarino nuclear teve início em outubro de 2023 com a qualificação do estaleiro da Itaguaí Construções Navais (ICN). A previsão da Marinha é que o Álvaro Alberto seja concluído em 2033, em um processo que exigirá elevado esforço técnico, institucional e orçamentário – com investimentos estimados em até R$ 25 bilhões.
Complexo Naval e industrialização
O Prosub também viabilizou a criação do Complexo Naval de Itaguaí, um dos mais modernos estaleiros do hemisfério sul, com capacidade para construção de navios e submarinos. O projeto tornou-se uma plataforma estratégica para o Brasil, com potencial para a exportação de submarinos convencionais a países da América do Sul, além da atuação no mercado offshore de petróleo e gás.

Segundo nota oficial da Marinha, “a construção de submarinos é um feito raro no mundo e coloca o Brasil em posição privilegiada para se tornar fornecedor regional de embarcações militares”. A Marinha, no entanto, reconhece que ainda não há um mercado consolidado para venda de submarinos nucleares no cenário internacional.
A comparação com o AUKUS
No panorama mundial, apenas a Austrália, sem possuir arsenal nuclear, está em processo de obtenção de submarinos nucleares por meio do pacto AUKUS – aliança entre Estados Unidos, Reino Unido e Austrália. A Marinha brasileira, contudo, vê o caso australiano como “exceção específica”, considerando prematuro qualquer plano de exportação de submarinos nucleares por parte do Brasil.
Geopolítica e soberania
A assinatura do contrato em Toulon ocorre num momento em que o Brasil reforça sua presença internacional e retoma o protagonismo nas agendas de segurança, transição energética e defesa. A aliança com a França, estratégica desde 2008, se consolida como um eixo de desenvolvimento tecnológico, capacitação militar e inserção soberana do Brasil em grandes temas globais.