
Bolsonaro presta depoimento à PF, confirma Pix de R$ 2 milhões ao filho e nega vínculo com articulação contra o STF
🗞️ São Paulo TV Broadcasting | 06 de junho de 2025 Foto: Paolla Serra
Reportagem: Bene Correa | Pesquisa técnica: Beatriz Ciglioni
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) prestou depoimento nesta quinta-feira (5) à Polícia Federal no inquérito que investiga uma possível articulação internacional do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Durante a oitiva, Bolsonaro admitiu ter enviado, via Pix, R$ 2 milhões ao filho, que atualmente está nos Estados Unidos, mas negou qualquer envolvimento com as ações atribuídas a ele.
“O dinheiro é meu e é limpo. O Eduardo está nos Estados Unidos com duas crianças pequenas e eu o ajudei. Fiz para ele um depósito por Pix”, declarou Bolsonaro.
“A perseguição continua. O trabalho que ele faz lá é pela democracia no Brasil. Não existe lobby para sancionar quem quer que seja no Brasil”, acrescentou, em rápida fala à imprensa na saída da sede da PF em Brasília.
Bolsonaro compareceu ao depoimento acompanhado de seu advogado Paulo Cunha Bueno. Segundo ele, o filho Eduardo, de 41 anos, tem “total autonomia” para agir politicamente e não teria recebido qualquer orientação do pai sobre articulações com aliados do ex-presidente Donald Trump.
O caso
O ex-presidente foi convocado a depor após a Polícia Federal identificar, no bojo da investigação da tentativa de golpe de Estado, indícios de que Eduardo Bolsonaro estaria atuando junto ao governo americano para pedir sanções contra membros do STF, especialmente o ministro Alexandre de Moraes.
Eduardo Bolsonaro se licenciou do mandato na Câmara dos Deputados em março deste ano. Segundo ele, o objetivo da viagem era “denunciar violações de direitos e abusos institucionais” no Brasil. A licença parlamentar vai até julho, e, nesse período, ele se instalou em Washington, onde tenta apoio político e jurídico para pressionar o Judiciário brasileiro.
Documentos analisados pela PF e mensagens interceptadas com autorização judicial apontam que Eduardo teria mantido conversas com aliados de Trump e com setores do Partido Republicano. O Ministério Público Federal e o STF investigam se houve crime de obstrução de justiça, coação no curso do processo e até tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito.
Relação com Zambelli
Em meio ao depoimento, Jair Bolsonaro também foi questionado sobre a deputada Carla Zambelli (PL-SP), que teve sua prisão decretada pelo ministro Alexandre de Moraes após ser condenada a 10 anos de prisão por invasão ao sistema do CNJ.
“Não tenho nada a ver com a Carla Zambelli”, limitou-se a dizer o ex-presidente, que já havia sido apontado em outros inquéritos como beneficiário de ações políticas de sua base mais radical.
Zambelli está atualmente foragida e teve o nome incluído na lista da Interpol, com determinação para bloqueio de bens, passaporte e redes sociais.
Repercussão
O depoimento de Bolsonaro ocorre em meio ao agravamento da tensão institucional entre o Judiciário e setores bolsonaristas. Na mesma semana, Moraes reforçou que o STF “não se curvará a ameaças externas ou internas” e reafirmou o compromisso da Corte com o Estado democrático de Direito.
Nos bastidores, aliados do ex-presidente consideram que a estratégia de Eduardo Bolsonaro, ainda que alinhada com setores conservadores norte-americanos, pode prejudicar ainda mais a posição jurídica da família Bolsonaro.
A Procuradoria-Geral da República acompanha o caso com atenção e não descarta abrir uma nova frente de investigação, agora voltada especificamente à origem dos recursos enviados a Eduardo, e à eventual tentativa de “financiamento privado de pressões diplomáticas” sobre instituições brasileiras.
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