
Agência da ONU aponta queda no número de nascimentos entre palestinos e alerta que população pode encolher
Da redação da São Paulo Tv Bene Correa com informações do UOL
Levantamento realizado pela UNFPA, a agência da ONU para população, alerta para uma queda profunda de novos nascimentos entre palestinos diante da operação de Israel na Faixa de Gaza.
Se por um lado, as mortes na região já superam 56 mil pessoas desde outubro de 2023, um novo levantamento mostra que a taxa de nascimento desabou, conduzindo ao risco de um processo de encolhimento da população palestina.
Diante deste cenário, soou um alerta sobre o que s entidade chama de “profunda crise humanitária que se desenrola em Gaza, onde a falta de alimentos, um sistema de saúde em ruínas e um imenso estresse psicológico estão levando a resultados catastróficos entre mulheres grávidas e recém-nascidos, ameaçando a sobrevivência de toda uma geração”.
Os números mostram que, de janeiro a junho de 2025:
- Os nascimentos diminuíram drasticamente:
No primeiro semestre de 2025, foram registrados 17.000 nascimentos, marcando uma redução significativa em relação aos 29.000 nascimentos registrados durante o período correspondente em 2022. Isso representa um declínio de mais de 41% na taxa de natalidade em apenas três anos. - Mortes maternas
220 mães morreram. Mais de 20 vezes o número total de mortes maternas registradas em 2022 - Mortes de recém-nascidos
Pelo menos 20 recém-nascidos morreram dentro de 24 horas após o nascimento. - Recém-nascidos em risco
33% dos bebês, mais precisamente 5.560, nasceram prematuramente, com baixo peso ou precisaram ser internados em terapia intensiva neonatal. - Total de mortes
11 mil pessoas morreram como resultados dos ataques contra Gaza entre janeiro e julho de 2025.
Desafios para mães e bebês
De acordo com a ONU, as estatísticas destacam os “profundos desafios enfrentados por mães e recém-nascidos em um ambiente em que os cuidados com a saúde estão sendo sistematicamente direcionados, com a fome e a privação de necessidades básicas impulsionando esses resultados.”
Laila Baker, diretora regional para os Estados Árabes do UNFPA, disse que a escala de sofrimento para as novas mães e seus bebês em Gaza está além da compreensão.
“Toda mãe e toda criança merecem o direito a um parto seguro e a um início de vida saudável. O que estamos testemunhando é uma negação sistemática desses direitos fundamentais, levando uma geração inteira à beira da morte”, advertiu Baker.
De acordo com ela, os hospitais e as instalações de saúde que permanecem parcialmente funcionais, sendo que a maioria está danificada ou destruída, estão perdendo cada vez mais a capacidade de manter mães e bebês vivos.
“Setenta por cento dos medicamentos essenciais estão esgotados e metade de todos os equipamentos médicos está danificada, reduzindo severamente o acesso a cuidados essenciais para recém-nascidos em 70%”, alertou.
Sistema de saúde precário
O colapso dos sistemas de encaminhamento, com serviços de ambulância reduzidos ao mínimo, e a grave falta de transporte significam que as mulheres grávidas não conseguem ser atendidas no período pré-natal ou mesmo chegar aos hospitais para o parto, transformando complicações tratáveis em mortes evitáveis.
Porém, para a ONU, um dos obstáculos é o veto para a entrada de ajuda humanitária urgente nos territórios em Gaza.
Somente o UNFPA tem 170 caminhões carregados com suprimentos extremamente necessários, incluindo unidades de maternidade em contêineres, medicamentos para a saúde materna, ultrassons e incubadoras portáteis, que estão retidos nas fronteiras desde o início de março de 2025.