
Brasil avança em regulação climática e mecanismos financeiros para a transição sustentável
Por Redação da São Paulo TV Imagem Ilustrativa São Paulo SP
O setor financeiro brasileiro ganha um novo mapeamento estratégico para enfrentar os desafios da transição climática. O Climate Finance Hub Brasil, em parceria com a CooperaClima e com contribuições da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), lançou o estudo “Climate Finance Pathways 2025: National Regulations and Public Policies, Global Trends, and Financial Mechanisms”, que detalha como o país vem estruturando políticas públicas e instrumentos regulatórios para alinhar investimentos à economia de baixo carbono.
Regulamentação em linha com potências globais
De acordo com o levantamento, o Brasil não está atrás das principais economias mundiais em termos de regulação climática para o setor financeiro. Resoluções do Conselho Monetário Nacional (CMN) e do Banco Central (BCB) já exigem a incorporação de riscos socioambientais e climáticos nas operações financeiras.
Entre as normas mais relevantes está a Resolução nº 5.185/2024, que determina que instituições financeiras passem a divulgar, a partir de 2026, relatórios de sustentabilidade alinhados aos padrões internacionais IFRS S1 e S2. Outras regulamentações incluem a criação da Política de Responsabilidade Socioambiental e Climática (PRSAC) e relatórios específicos (GRSAC e DRSAC), baseados nas recomendações da Task Force on Climate-related Financial Disclosures.
Transparência e risco de transição
O estudo destaca que a transição climática impõe riscos financeiros concretos às empresas, seja por mudanças regulatórias, avanços tecnológicos ou novas demandas de mercado. “As empresas precisarão fornecer aos investidores planos de transição confiáveis se desejarem reter capital de qualidade e longo prazo”, afirmou Linda Murasawa, líder de engajamento do Climate Finance Hub Brasil.
Em 2023, cerca de 1.136 empresas brasileiras reportaram informações ao Carbon Disclosure Project, o que representa 78% do mercado de capitais nacional, incluindo grandes bancos como BTG Pactual, Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú e Santander.
Taxonomia Sustentável e mercado de carbono
Outro avanço apontado pelo mapeamento é a implementação da Taxonomia Sustentável Brasileira (TSB), que define parâmetros claros para o que pode ser considerado investimento sustentável. O objetivo é padronizar critérios de financiamento, contabilidade e reporte.
Além disso, a recente regulamentação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE) cria limites de emissões para setores poluentes, estabelecendo um mercado regulado de créditos de carbono. Esse sistema ainda está em fase de implementação, mas é visto como um pilar para acelerar a transição energética.
Planos estratégicos e investimentos verdes
O Plano Climático 2024–2035 e o Plano de Transformação Ecológica (PTE) estruturam as metas brasileiras para mitigação e adaptação às mudanças climáticas, integrando setores como energia, transporte, agricultura e resíduos. Esses planos incluem iniciativas como o Programa Eco Invest e a Plataforma BIP (Brazil Platform for Climate Investments and Ecological Transformation), voltados para captar investimentos privados e alinhar o país ao objetivo global de emissões líquidas zero até 2050.
Sobre o Climate Finance Hub Brasil
Lançado em 2024, o Climate Finance Hub Brasil é uma iniciativa colaborativa da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (gFIS/UFRJ) e da CooperaClima, com apoio de instituições como o Climate Arc e o Instituto Clima e Sociedade (iCS). O hub fornece análises e metodologias para avaliar a maturidade da transição climática de empresas e setores, qualificando profissionais e promovendo conhecimento estratégico para políticas públicas e investimentos sustentáveis.
📌 O relatório completo “Climate Finance Pathways 2025” está disponível no site do Climate Finance Hub Brasil. Regulação para financiamento climático: mapeamento inédito no Brasil – Climate Finance Hub