
CPMI do INSS inicia os trabalhos nesta terça-feira, com a oposição concentrando os requerimentos
Da redação da São Paulo Tv jornalista Bene Correa
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito aprovada para apurar o esquema bilionário de descontos indevidos no INSS inicia os trabalhos nesta terça-feira (26).
Na última prévia realizada na tarde de sábado, os parlamentares já tinham protocolado 826 requerimentos.
E, segundo apuração do UOL, os parlamentares de oposição apresentaram 80% do total de solicitações. Os senadores e deputados contrários ao governo Lula investiram nos pedidos de quebras de sigilo.
Um dos alvos, por exemplo, é o ex-ministro da Previdência Social Carlos Lupi (PDT). Os congressistas querem ouvi-lo e já solicitaram a quebra dos sigilos bancário e fiscal dele.
Há requerimentos para ouvir também dirigentes e representantes de associações e federações e ex-presidentes do INSS.
Campões de requerimentos
Entre os congressistas que mais apresentaram requerimentos estão:
- Senador Izalci Lucas PL-DF 328
- Senadora Damares Alves PL-DF 84
- Deputado Rogério Correia PT-MG 59
Izalci Lucas apresentou três pedidos relacionados a José Ferreira da Silva, o Frei Chico.
O irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é diretor vice-presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), um dos alvos de uma operação da Polícia Federal contra fraudes no INSS.
Além de requerer a convocação de Frei Chico, Izalci Lucas quer a quebra dos sigilos bancário e fiscal e um Relatório de Inteligência Financeira, feito pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que analisa operações financeiras suspeitas.
Governistas protocalaram 20% dos requerimentos
Os aliados do governo Lula protocolaram 20% dos requerimentos, com foco quase total nas convocações para depoimentos. Houve apenas um pedido da base para quebrar sigilos.
O deputado Duarte Jr. (PSB-MA) solicitou a quebra de sigilo do empresário Maurício Camisotti, que é um dos principais investigados nas suspeitas de fraudes no INSS. Camisotti foi citado na CPI da Covid, que funcionou durante o governo Bolsonaro.
Oposição e governo no mesmo alvo
Mas em alguns casos, governo e oposição miraram no mesmo alvo. Os dois lados querem, por exemplo, ouvir o atual ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz.
Parlamentares governistas e da oposição também querem ouvir as explicações do lobista Antônio Carlos Camilo Antunes. Segundo as investigações, ele recebeu R$ 53,88 milhões de associações envolvidas no esquema e fez repasses milionários para servidores suspeitos de participação nos crimes.
Governo derrotado na largada
O governo Lula começou a CPMI com derrota. A oposição ficou com os cargos de presidente e relator.
E isto já representa uma dor de cabeça párea o governo, pois cabe ao presidente da CPMI, o senador Carlos Viana (Podemos-MG) coordenar os trabalhos, marcar sessões para ouvir testemunhas e comandar reuniões internas com integrantes da comissão.
E o relator, se não bastasse ser da oposição, é bolsonarista. O deputado Alfredo Gaspar (União –AL) fará o documento final com possíveis pedidos de indiciamento e solicitação de mais investigações à Polícia Federal e ao Ministério Público.
Carlos Viana disse que a CPMI começará a convocar os primeiros nomes nesta semana. “Primeiramente, dos servidores técnicos responsáveis pelas liberações e controle dos dados da Previdência”, afirmou.
Gaspar informou que os trabalhos na relatoria da CPMI do INSS já começaram e afirmou que o plano de trabalho está “quase finalizado”.
“Sigo com a missão de agir de forma séria, técnica e imparcial. Nosso compromisso é investigar fraudes e desvios que há anos prejudicam quem tanto trabalhou por nosso país: aposentados e pensionistas. O Brasil merece transparência e justiça”, declarou.
“Minha grande preocupação é conduzir os depoimentos e todos aqueles que forem chamados à CPMI dentro de um critério técnico que ajude a elucidar o que aconteceu. Não vou permitir que a CPMI se torne palco político para quem quer que seja. A população quer respostas, quer que sejamos efetivos em apontar quem desviou e para onde foi dinheiro.”, prometeu o presidente da CPMI, o senador Viana.
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito se reunirá às segundas à tarde e às quintas pela manhã.
Empréstimos fraudados
O esquema do INSS envolveu associações de classe, que cobravam valor de aposentados e pensionistas para a realizar serviços como assessoria jurídica ou convênios com academias e planos de saúde.