
Alckmin diz que tarifaço de Trump sobre produtos agrícolas não vai fazer cair o mundo
Da redação da São Paulo Tv jornalista Bene Correa
O vice-presidente Geraldo Alckmin, que é também o ministro do Planejamento, Indústria e Comércio, minimizou o tarifaço americano sobre os produtos agropecuários brasileiros.
Segundo ele, a preocupação maior do governo é com as empresas de manufatura, também sobretaxadas pelos Estados Unidos.
Na avaliação do ministro, a maioria dos produtos agropecuários pode ser absorvida por outros países. Alckmin diz que tarifaço de Trump sobre produtos agrícolas não vai fazer cair o mundo explicou que “calçado, têxtil, são os que sofrem mais”, apesar de carnes, café, pescado e frutas também tenham sido sobretaxados em 50%.
“Café, não vendi lá nos Estados Unidos, vou vender em outro lugar”, disse Alckmin neste sábado (23) em evento na sede nacional do PT, em Brasília.
Já o produto manufaturado é mais difícil de realocar. “Acaba realocando, mas demora um pouco mais”, disse ele, que comanda as negociações com o empresariado e com os Estados Unidos.
“Porque comida, carne, eu não vendi lá, eu vou ter outros mercados. Não vai cair o mundo.”, afirmou Alckmin.
Brasil competitivo
Na avaliação de Alckmin, o Brasil se mantém competitivo no comércio internacional apesar do tarifaço.
“Perdemos competitividade com os Estados Unidos, mas com o mundo não. “Nosso maior cliente é a China. Os Estados Unidos são o segundo”, lembrou o ministro.
Alckmin frisou que o Brasil está empenhado em fechar novos acordos comerciais.
“O acordo Mercosul-União Europeia é o maior da história. Os países da UE devem assinar até o fim do ano”, afirmou. O ministro citou ainda outras negociações em curso como a do Mercosul com o EFTA, que reúne a Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça, além dos acordos com Cingapura e Emirados Árabes Unidos.
Negociar a redução da taxa de 50%
A prioridade, no entanto, é reduzir o percentual do tarifaço. “Nós não vamos desistir de baixar essa alíquota e incluir mais produtos na lista de exceções. A orientação do presidente Lula é negociar.”, afirmou Alckmin.
O ministro classificou a medida dos Estados Unidos como “injustificada”.
“Dos dez produtos que mais exportam ao Brasil, oito não pagam imposto. É absolutamente zero. A nossa média tarifária é de 2,7%, baixíssima. E eles têm superávit na balança comercial, tanto de bens quanto de serviços.” destacou Alckmin.
No ano passado, o superávit dos Estados Unidos com o Brasil passou de US$ 25 bilhões. Os americanos só registraram saldo positivo na balança comercial com três dos 20 países mais ricos do mundo (G20): Brasil, Reino Unido e Austrália. “Não tem a menor justificativa colocar essa tarifa”, afirmou.
Tarifaço atinge 37% dos produtos brasileiros
Nem todo produto exportado pelo Brasil foi sobretaxado. Cerca de 42% deles ficaram de fora da alíquota de 50%, enquanto 16% foram incluídos em taxas que atingem outros países na mesma proporção, como é o caso do aço, alumínio e cobre.
No entanto, 37% dos produtos nacionais vendidos para os Estados Unidos foram taxados em 50%. “Ficamos com 10% mais 40%, o que dá 50%, e aí prejudica muito a exportação”, disse.
Ajuda emergencial do BNDES
Nesta sexta-feira (22), os detalhes do socorro emergencial às empresas afetadas foram divulgados. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai oferecer linhas de crédito às companhias impactadas acima de 5% do faturamento.
“A partir da segunda semana de setembro a gente inicia o processo de aprovação” do crédito, afirmou o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.
Quem foi mais afetado terá um benefício maior. Empresas que tiverem impacto igual ou superior a 20% do faturamento “poderão acessar todas as linhas e garantias”, afirmou o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello.
Os recursos sairão dos chamados “fundos garantidores”. O FGO Fundo Garantidor de Operações, que é operado pelo Banco do Brasil, vai receber um aporte de R$ 1 bilhão e com esse aporte ele pode garantir em torno de R$ 2,5 bilhões de créditos.