
Prefeito Ricardo Nunes quer contratar PMs para dar aulas de educação física para crianças e adolescentes
Da redação da São Paulo Tv jornalista Bene Correa com informações da Folha de São Paulo Fotos para ilustrar a noticia – Policiais reforçarão o patrulhamento no entorno das escolas públicas paulistas Foto Melo Araújo Jornal Gazeta do Povo

A Prefeitura de São Paulo estuda a criação de um projeto para a área de segurança pública semelhante à operação delegada. A ideia é colocar policiais militares da ativa para darem aula de educação física para crianças e adolescentes no contra turno escolar.
O anúncio foi feito pelo vice-prefeito, coronel Mello Araújo (PL), durante palestra no Instituto de Engenharia.
Segundo coronel, as aulas poderão ser ministradas inclusive por PMs que atuam no policiamento de rua, nos seus horários de folga.”É até uma forma de eles relaxarem do trabalho do dia a dia”, comentou Mello Araújo.

Operação delegada
A operação delegada é um projeto em que policiais militares são contratados em seus horários de folga para reforçar o trabalho de segurança na cidade. Eles são escalados para atuar no combate ao comércio ambulante e apresentação de artistas de rua que exercem as atividades de modo irregular, no combate à pichação, depredação e descarte irregular de lixo.

Mello Araújo, que foi comandante da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), diz que a iniciativa é uma maneira de criar atividades para as crianças e adolescentes e mantê-las longe de possibilidade de aliciamento pelo crime.
O projeto ainda está em fase de assinatura de convênios e deve ter início ainda no segundo semestre deste ano.
O projeto deve começar nos 46 centros esportivos municipais, com dois policiais por equipamento. “Ainda é um plano piloto, queremos chegar a 200 policiais”, afirmou o vice-prefeito.
Há ainda a ideia de ampliar o projeto e oferecer aos clubes particulares. “Já estamos em contato com os clubes, podemos negociar a adesão em troca do abatimento de dívidas que eles têm com a prefeitura, por exemplo”, diz.
PMs graduados em educação física
Para fazer parte do projeto, o policial terá que ter graduação em educação física, no mínimo, bacharelado, seja pela própria Polícia Militar ou outras Unidades de Ensino Superior.
Serão contratados profissionais de qualquer grau ou patente, que receberão 1,2 Unidade Fiscal do Estado de São Paulo, por hora trabalhada, o que dá pouco mais de R$ 44,00, em valores atuais.
Mello Araújo afirma que a contratação de policiais é baseada na “ampla atuação e vocação em atividades comunitárias” da PM e também na “sólida formação profissional nesta área, com livre docência” dos policiais formados dentro da instituição para atuar neste segmento.
Os policiais escolhidos para participar do projeto passarão por uma “capacitação pedagógica, apresentação do projeto, conhecimento dos locais de execução e capacitação para adequar o voluntário às questões administrativas”.
Os alunos poderão se inscrever nos centros esportivos onde pretendem iniciar a atividade, onde terão à disposição aulas de esportes coletivos, como futsal, futebol, voleibol, basquetebol e handebol, e também individuais, como atletismo e natação, além de atividades físicas, entre elas ginástica, alongamento, condicionamento físico e hidroginástica.
Benefícios para estudantes e comunidade
- Acesso ampliado à educação física
O projeto propõe atividades no contraturno escolar, aproveitando espaços já disponíveis como quadras, piscinas e tatames em parques e praças — o que facilita o acesso a práticas esportivas sem exigir grandes investimentos em infraestrutura Gazeta do Povo+1. - Promoção da saúde e bem-estar infantil
Aulas regulares de atividade física auxiliam no desenvolvimento motor, emocional e social das crianças, contribuindo para hábitos saudáveis e prevenção de sedentarismo. - Formação de bons cidadãos
Segundo o vice-prefeito: “Se não for para a criança seguir o alto rendimento, serão bons cidadãos” — o foco seria também na disciplina, convivência e caráter - Benefícios para os policiais envolvidos
- Alívio do estresse e salário adicional
A educação física pode servir como ferramenta de bem-estar para policiais, ajudando a aliviar a pressão do dia a dia. Além disso, os policiais receberiam remuneração extra para essa atividade cidademanchete.com.brBrasil 247. - Maior integração com a comunidade
Atuar em atividades sociais e educacionais pode melhorar a relação entre polícia e população, contribuindo para construção de confiança e cooperação mútua. - Benefícios para o município e para a política pública
- Uso mais inteligente de recursos públicos existentes
A proposta valoriza espaços e equipamentos públicos já disponíveis, oferecendo usá-los de forma mais efetiva sem necessidade de novas construções. - Projeto potencialmente escalável
Começando com 100 a 200 policiais, o programa poderia se estender no futuro, beneficiando mais regiões e estudantes. - Inovação e integração intersetorial
A iniciativa cruza áreas como segurança, educação e esportes, criando um campo de atuação transversal que pode inspirar outras políticas públicas integradas.
Programas Internacionais Relevantes
1. Programa DARE – Estados Unidos

Nos EUA, o programa DARE (Drug Abuse Resistance Education) fez uso de policiais uniformizados como educadores, levando aulas sobre prevenção às drogas, autoconfiança e resistência à pressão dos colegas diretamente às escolas. Chegou a ser implementado em mais de 75% dos distritos escolares americanos e beneficiou cerca de 50 milhões de estudantes globalmente na década de 1990.
Ponto de comparação: Professores especializados são substituídos ou complementados por policiais, não em educação física, mas em educação preventiva — visando formação cidadã.
2. Student Police Cadet Project – Índia (Kerala e nacional)

O Student Police Cadet (SPC) Project, lançado em 2010 no estado de Kerala, oferecia um programa de dois anos inserido no ambiente escolar. Com foco em disciplina, consciência cívica, resistência a comportamentos antissociais, atividades físicas, yoga, desfiles e projetos comunitários, envolvia diretamente alunos de ensino médio junto com policiais e professores como instrutores .
Até agosto de 2022, o programa estava ativo em 1.000 escolas em Kerala, com mais de 83.000 estudantes em treinamento, e mais de 200.000 formados. De 2018 em diante, foi amplamente expandido — agora abrange até 12.000 escolas e 900.000 alunos em toda a Índia .
Ponto de comparação: Envolvimento estrutural entre polícia e sistema escolar, voltado ao caráter, disciplina e atividades físicas, muito próximo ao que se pretende em São Paulo.
3. Constable Care Foundation – Oeste da Austrália
Na Austrália Ocidental, existe uma iniciativa educacional coordenada pela Constable Care Foundation, uma ONG associada à polícia local. Policiais utilizam teatro-educativo, vídeos e recursos didáticos para abordar temas como segurança, ética, birbulância, cibersegurança, racismo, abuso de substâncias e saúde mental em mais de 700 escolas por ano
Ponto de comparação: Embora não envolva aulas de educação física, conecta a polícia ao ambiente escolar de forma interativa e pedagógica.
4. City of London – Reino Unido: aulas de primeiros socorros por polícia
Em Londres, parte da capital ocorreu uma ação emergencial em que a City of London Police ministrou aulas sobre como tratar ferimentos por faca e arma de fogo a estudantes de Year 9 (aproximadamente 13 anos), como resposta ao aumento da violência com facas. A iniciativa focou em habilidades de primeiros socorros e conscientização sobre violência urbana
Ponto de comparação: Envolvimento das forças policiais diretamente em salas de aula, mas com foco em segurança de emergência, não educação física.