
Um herói ignorado: o catador
Artigo *José Renato Nalini
A população paulistana produz cerca de dezoito mil toneladas diárias de resíduos sólidos. Percentual mínimo desse material chega à reciclagem. E a parcela maior desse resíduo reciclado se deve à ação dos catadores. São esses nossos semelhantes que passam a vida a reduzir a carga do nosso desperdício, espalhada por todos os espaços da cidade.
Visitei estes dias a sede da ONG Pimp My Carroça, à rua Padre Justino 653, Butantã. Recebido por Nanci, Carlos e Bruno, pude constatar o magnífico trabalho realizado por eles, por inspiração do artista plástico Mundano. O aproveitamento dos resíduos para o artesanato e artes plásticas e a capacitação dos catadores para que tenham vida digna e lucrem com a sua atividade diuturna.
Hoje chamamos de “resíduo sólido” o que antes era conhecido por “lixo”, porque os países mais adiantados sabem que isso tem valor. Se aproveitado na economia circular, pela logística reversa, tudo se converte em dinheiro. 14 bilhões de reais a cada ano são perdidos, porque não se investe em reciclagem. É preciso que a sociedade como um todo acorde e saiba que os catadores e catadoras são protagonistas da reciclagem no Brasil. O trabalho deles precisa ser facilitado mediante separação dos resíduos entre recicláveis, não-recicláveis e orgânicos.
A ONG Pimp My Carroça criou uma plataforma chamada Cataki, excelente iniciativa que precisa ser prestigiada por todos. Ela conecta catadores e geradores de resíduos e atua como rede de apoio para quem exerce essa atividade meritória, que merece não só aplausos, como concreto incentivo. É uma questão urgente, que ajuda a adaptar a cidade aos efeitos perversos do cataclismo climático por nós mesmos criado. Saiba mais encaminhando um e-mail para carlos@pimpmycarroca.com
*José Renato Nalini é Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.